São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Movimento manipula raiva das pessoas
Para Joe Bageant, autointitulado porta-voz do seio da América conservadora, "Tea Party" é difamatório e não é popular
O movimento popular conservador "Tea Party" fala para o
que considera a "América real",
associada a gente simples, não
necessariamente educada e
que vive longe das costas progressistas dos EUA. Mas não
conquistou todos os "rednecks" (apelido pejorativo da
classe média baixa conservadora e interiorana): seu autointitulado porta-voz, Joe Bageant,
afirma que o grupo não passa
de um engodo. MANIPULAÇÃO Não tenho nada contra gente raivosa e frustrada. Meu problema é com forças conservadoras tradicionais, como o republicano Dick Armey [ex-líder da maioria republicana na Câmara e fundador do grupo FreedomWorks], que estão envolvidas até o pescoço no movimento e manipulam a raiva das pessoas para seus próprios objetivos. Outro problema é que a raiva expressada aqui é incoerente e inarticulada. Conservadores e progressistas estão irritados com a mesma coisa, mas atribuem culpas diferentes, porque cada partido lhes mostra um bicho papão diferente. É óbvio que o modo de vida americano está em declínio. Não podemos gastar tantos recursos e não podemos pagar por eles. Mas as pessoas não entendem que o mundo mudou, como não entendem que estivemos vivendo com dinheiro emprestado pelos últimos 15 anos. TEATRO IDEOLÓGICO Não acredito que o "Tea Party" seja realmente popular. É uma campanha difamatória. Temos uma campanha em curso de desinformação por todos os partidos e corporações. E a raiva é um fator importante na política americana. Os EUA se tornaram um teatro ideológico. Não se pode acreditar em nada à primeira vista. Nada tem significado. São só imagens. GUERRA CULTURAL Há uma guerra cultural real. Mas o que acontece agora é uma luta pela consciência do povo americano, essencialmente entre um sistema corporativo e um ponto de vista progressista. Eu de modo algum prefiro a visão progressista, até porque acho que os partidos são todos iguais, duas faces da moeda dos negócios. Quanto a classes, americanos não entendem que tudo é sobre classes -a autoridade das classes sobre suas vidas versus a autoridade do governo e das corporações. E as pessoas só veem o governo como inimigo. IMPACTO POLÍTICO Tento não prever, mas acho que o "Tea Party" vai capturar muitos votos republicanos, tirando-os dos moderados e dando a radicais direitistas. É exatamente o que as pessoas que estão orquestrando tudo isso querem, pois perderam muito terreno depois do fracasso de [George W.] Bush. Os democratas vão perder algumas vagas, mas por outro lado o discurso radical da direita pode mobilizar esquerdistas a ir às urnas -por puro medo. Texto Anterior: Tempestade de neve paralisa Washington Próximo Texto: Racismo: Ex-deputado opositor ecoa segregação e provoca polêmica Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |