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VENEZUELA
Protesto contra o presidente é o maior deste ano; estimativas apontam entre 200 mil e 500 mil manifestantes
Oposição faz marcha gigante contra Chávez
DA REDAÇÃO
Os opositores do presidente
Hugo Chávez reuniram ontem
uma imensa multidão em passeata pelo centro de Caracas. Segundo estimativas variadas dos responsáveis pela segurança do protesto, entre 200 mil e 500 mil venezuelanos saíram às ruas.
A manifestação, a maior realizada neste ano, foi convocada para
defender a realização do referendo sobre a permanência ou não
de Chávez na Presidência e para
condenar as violações aos direitos
humanos supostamente cometidas pelas forças de segurança durante protestos realizados em várias cidades na semana passada.
Os choques resultaram na morte de oito pessoas e em dezenas de
feridos a bala. Organizações internacionais de defesa dos direitos
humanos exigiram a apuração
das denúncias de que soldados
atiraram para matar, espancaram
manifestantes e torturaram os
que foram detidos. Anteontem, o
procurador-geral da Venezuela,
Isaias Rodríguez, ordenou a investigação "imediata" das denúncias de excessos cometidos contra
os manifestantes.
"Não estou armado"
No meio da multidão que partiu
de seis diferentes pontos de concentração e se reuniu em uma das
principais avenidas da capital do
país, um manifestante vestia camisa com a inscrição "Não estou
armado, não atire! Eu sou venezuelano". Os opositores de Chávez fizeram um minuto de silêncio para homenagear os mortos
nos conflitos.
"Isso [a passeata] reflete a contundente reprovação do povo venezuelano às violações dos direitos humanos cometidas pelo governo nos protestos, bem como o
apoio ao referendo revocatório",
disse o dirigente oposicionista
Juan Fernández.
"Este é um governo criminoso e
o mais corrupto da história", acusou o oposicionista Andrés Velásquez. "Vamos manter as mobilizações. Vamos seguir em frente
até concretizarmos o referendo",
afirmou Enrique Mendoza, o líder da oposição aglutinada na organização Coordenadoria Democrática (CD). Estimulada por
Mendoza, a multidão lançou gritos de "assassino, assassino" contra Chávez.
A demonstração aconteceu enquanto ainda continuam as negociações de setores da CD com o
Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) para criar mecanismos de
verificação das cerca de um milhão de assinaturas impugnadas
que constavam do pedido de referendo -elas foram colocadas sob
suspeita por terem aparentemente sido feitas com caligrafias idênticas nas planilhas. Os integrantes
da CD que ainda não desistiram
da realização do referendo querem definir logo com o CNE o número de locais para a confirmação das assinaturas e os horários e
dias para a realização do processo.
Há, no entanto, entre os oposicionistas uma linha que defende o
rompimento com o órgão eleitoral superior da Venezuela. "Não
vamos fazer parte de uma fraude.
Não vamos negociar com o CNE
porque ele faz parte da grande
mentira de Chávez contra a vontade de milhões", afirmou Antonio Ledezma, líder do partido
Aliança Povo Destemido.
A oposição precisa confirmar a
autenticidade de 600 mil assinaturas para atingir o total de 2,4 milhões necessário para a convocação do referendo.
Anteontem, em encontro com
embaixadores em Caracas, o presidente Chávez disse não se opor
ao plebiscito caso a oposição consiga validar as assinaturas. "Se os
600 mil ratificarem suas assinaturas haverá o referendo, como determina a Constituição", afirmou
Chávez.
O presidente George W. Bush,
durante uma entrevista coletiva
concedida em seu rancho no Texas, disse que os EUA trabalharão
em conjunto com a OEA (Organização dos Estados Americanos)
"para ajudar a garantir a integridade" do processo do referendo.
Bush não deu mais detalhes sobre
as ações dos EUA e sua fala foi feita um dia depois de o Departamento de Estado alertar os americanos que viajarem para a Venezuela a ter "extrema cautela".
Já em Washington, Otto Reich,
assessor especial para a América
Latina do Conselho de Segurança
Nacional da Casa Branca e ex-embaixador americano na Venezuela, questionou a adesão de Chávez
aos princípios democráticos e o
acusou de prejudicar o país. "A
pessoa que está causando danos
ao povo venezuelano não é Otto
Reich, é o atual presidente da Venezuela, que infelizmente está
aparentemente tratando de suprimir as liberdades do povo de seu
país", disse.
A passeata, que não teve incidentes de violência, foi acompanhada por cerca de 3.000 policiais,
bombeiros e paramédicos, enviados por prefeitos da Grande Caracas que se opõem a Chávez. O palácio presidencial e a sede do CNE
foram protegidos por soldados e
veículos blindados.
Com agências internacionais
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