São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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GRÉCIA

De direita ou esquerda, premiê será de família tradicional

Dinastias conhecidas disputam o comando do país na eleição grega

DANIEL HOWDEN
DO ""INDEPENDENT", EM ATENAS

O passado e o presente da política grega vão fundir-se hoje, quando os eleitores forem às urnas para decidir qual dinastia, a Papandreou ou a Karamanlis, poderá enriquecer a tradição familiar com mais um triunfo eleitoral.
No mês passado, os socialistas (governistas), confrontados com pesquisas de opinião que mostravam uma desvantagem grande deles em relação aos conservadores, se voltaram a George Papandreou para ver se ele seria capaz de seguir o caminho de seu pai e avô, tornando-se premiê.
Faltando 24 horas para a abertura das urnas, o ex-chanceler está perto de seu rival, Costas Karamanlis, tendo reduzido a diferença de oito pontos percentuais para apenas um e meio.
Batizado em homenagem a seu avô, o duas vezes premiê Georgios, George Papandreou é filho do fundador do partido governista, o Pasok, Andreas, e herdeiro de um sobrenome que inspira fidelidade quase tribal na Grécia.
Mas o Papandreou da terceira geração está longe de ser um representante típico da família. Diferentemente de seu incendiário pai, George é visto por diplomatas como alguém habilidoso em buscar o consenso. Sua passagem pela Chancelaria foi marcada por uma redução notável nas tensões com a Turquia, rival tradicional.
Nascido nos EUA, num dos períodos que seu pai passou no exílio durante a ditadura militar de 1967-74, George Papandreou foi educado nos EUA e na Suécia.
Durante a campanha eleitoral, sua imagem discreta e estilo amigável o fizeram parecer um candidato presidencial americano.
Seu adversário e favorito por margem muito estreita é outro moderado que estudou nos EUA. Sobrinho de Constantine Karamanlis, o primeiro líder grego democraticamente eleito após o governo militar, ele está a ponto de pôr fim a uma década de governo socialista ininterrupto.
Karamanlis defende a privatização das grandes estatais e a redução do funcionalismo público e da burocracia, para incentivar os investimentos estrangeiros e combater o desemprego (9%).
Quer o vencedor seja Papandreou, 47 anos, ou Karamanlis, 51, ele será o premiê mais jovem que a Grécia já teve. Ambos prometem promover mudanças no país e avisam que o voto em seu rival representaria um retrocesso.
O problema mais discutido na fase pré-eleitoral foi a corrupção, endêmica em todos os níveis da sociedade e que vem sendo identificada como a maior preocupação dos eleitores.
Caso vença, Papandreou promete tratar dessa questão assim que assumir a direção do país das mãos do premiê Costas Simitis, que deixou de concorrer para dar espaço a ele. ""Serei implacável com a corrupção", prometeu.
Mas a ênfase constante que Papandreou vem dando ao advento de uma nova era pode não ser suficiente para dissuadir um eleitorado cético.


Tradução de Clara Allain


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