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GRÉCIA
De direita ou esquerda, premiê será de família tradicional
Dinastias conhecidas disputam o comando do país na eleição grega
DANIEL HOWDEN
DO ""INDEPENDENT", EM ATENAS
O passado e o presente da política grega vão fundir-se hoje, quando os eleitores forem às urnas para decidir qual dinastia, a Papandreou ou a Karamanlis, poderá
enriquecer a tradição familiar
com mais um triunfo eleitoral.
No mês passado, os socialistas
(governistas), confrontados com
pesquisas de opinião que mostravam uma desvantagem grande
deles em relação aos conservadores, se voltaram a George Papandreou para ver se ele seria capaz
de seguir o caminho de seu pai e
avô, tornando-se premiê.
Faltando 24 horas para a abertura das urnas, o ex-chanceler está
perto de seu rival, Costas Karamanlis, tendo reduzido a diferença de oito pontos percentuais para apenas um e meio.
Batizado em homenagem a seu
avô, o duas vezes premiê Georgios, George Papandreou é filho
do fundador do partido governista, o Pasok, Andreas, e herdeiro
de um sobrenome que inspira fidelidade quase tribal na Grécia.
Mas o Papandreou da terceira
geração está longe de ser um representante típico da família. Diferentemente de seu incendiário
pai, George é visto por diplomatas
como alguém habilidoso em buscar o consenso. Sua passagem pela Chancelaria foi marcada por
uma redução notável nas tensões
com a Turquia, rival tradicional.
Nascido nos EUA, num dos períodos que seu pai passou no exílio durante a ditadura militar de
1967-74, George Papandreou foi
educado nos EUA e na Suécia.
Durante a campanha eleitoral,
sua imagem discreta e estilo amigável o fizeram parecer um candidato presidencial americano.
Seu adversário e favorito por
margem muito estreita é outro
moderado que estudou nos EUA.
Sobrinho de Constantine Karamanlis, o primeiro líder grego democraticamente eleito após o governo militar, ele está a ponto de
pôr fim a uma década de governo
socialista ininterrupto.
Karamanlis defende a privatização das grandes estatais e a redução do funcionalismo público e
da burocracia, para incentivar os
investimentos estrangeiros e
combater o desemprego (9%).
Quer o vencedor seja Papandreou, 47 anos, ou Karamanlis, 51,
ele será o premiê mais jovem que
a Grécia já teve. Ambos prometem promover mudanças no país
e avisam que o voto em seu rival
representaria um retrocesso.
O problema mais discutido na
fase pré-eleitoral foi a corrupção,
endêmica em todos os níveis da
sociedade e que vem sendo identificada como a maior preocupação dos eleitores.
Caso vença, Papandreou promete tratar dessa questão assim
que assumir a direção do país das
mãos do premiê Costas Simitis,
que deixou de concorrer para dar
espaço a ele. ""Serei implacável
com a corrupção", prometeu.
Mas a ênfase constante que Papandreou vem dando ao advento
de uma nova era pode não ser suficiente para dissuadir um eleitorado cético.
Tradução de Clara Allain
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