São Paulo, sábado, 07 de março de 2009

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Obama põe pragmático na América Latina

Dan Restrepo será o responsável por questões ligadas à região na Casa Branca; restante da equipe para continente ainda é dúvida

Indicado quer normalizar laço com Cuba, conversar com Chávez e já defendeu fim gradual de barreira tarifária a álcool brasileiro

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Aos poucos, Barack Obama vai montando sua equipe para a América Latina. Nos últimos dias, um nome foi confirmado para lidar com a área na Casa Branca, embora o anúncio oficial ainda não tenha sido feito. É Daniel Restrepo, que cuidará de assuntos da região no Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês).
Dan Restrepo foi o coordenador de assuntos latino-americanos na campanha de Obama à Presidência. Até ir para a Casa Branca, era diretor do Projeto Américas do Center for American Progress (CAP), centro de estudos progressista.
Ele será subordinado a Denis McDonough, que coordenava o time de política externa da campanha e hoje virou diretor de comunicações estratégicas do NSC. Ambos trabalharam sob o ex-deputado democrata Lee Hamilton na Comissão de Relações Internacionais do Congresso.
Filho de um economista colombiano que fez carreira em Washington, Restrepo é considerado um pragmático. Em entrevista à Folha no ano passado, disse que Obama estava "pronto para trabalhar para normalizar as relações" entre Cuba e os EUA e criticou a "precariedade com que a situação venezuelana foi tratada pelo governo Bush": "Temos de achar formas de lidar com a região nos seus termos".

Lata de lixo
Num artigo publicado pelo CAP em fevereiro do ano passado sobre a saída de Fidel Castro do poder, Restrepo escreveu: "Para marcar uma nova direção [da política dos EUA em relação ao país], o presidente Bush e o Congresso devem jogar na lata de lixo a chamada lei Helms-Burton [que regula o embargo econômico em vigor há décadas] e toda a postura ideológica que passou por planejamento de uma transição em Cuba".
Em outros dois, defendeu que os EUA eliminem gradualmente a taxa de US$ 0,54 por galão cobrada do álcool brasileiro, "dando maior acesso ao mercado para o produto".
Restrepo chega ao NSC no momento em que o presidente fortalece o conselho, responsável por formular estratégias de Defesa e política externa do governo. O democrata ampliou a equipe e o poder de James Jones, conselheiro de Segurança Nacional -cargo que já foi de Henry Kissinger (1968-75), Colin Powell (1987-89) e Condoleezza Rice (2001-05).
Região que Obama desconhece e ignorou até agora, a América Latina entra no radar do democrata nessa semana.
O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com ele no sábado na Casa Branca -será o terceiro líder estrangeiro a fazer isso e o primeiro da região desde a posse, em janeiro. Os dois voltam a se encontrar em abril, na 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago.
O resto do time para a região continua indefinido. Thomas Shannon, atual número 1 do Departamento de Estado para o Hemisfério Ocidental, continua no cargo pelo menos até a cúpula. Especula-se que ele possa ser substituído pelo acadêmico Arturo Valenzuela e que vá para a Embaixada do Brasil, hoje com Clifford Sobel.
Enquanto isso, Shannon coordenará o grupo que vai a Trinidad e Tobago com Hector Morales, embaixador dos EUA na Organização dos Estados Americanos, e Jeffrey Davidow, ex-embaixador no México e na Venezuela, que ocupou cargo similar ao de Shannon sob Bill Clinton (1993-2001).

Chávez
Na Venezuela, ontem, Chávez brincou brincou com o fato de o colega americano estar sendo tachado de "socialista", por causa do Orçamento expansionista. "Venha, Obama, alinhe-se conosco", disse, em visita a siderúrgica estatal.


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