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Obama põe pragmático na América Latina
Dan Restrepo será o responsável por questões ligadas à região na Casa Branca; restante da equipe para continente ainda é dúvida
Indicado quer normalizar laço com Cuba, conversar com Chávez e já defendeu fim gradual de barreira tarifária a álcool brasileiro
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Aos poucos, Barack Obama
vai montando sua equipe para a
América Latina. Nos últimos
dias, um nome foi confirmado
para lidar com a área na Casa
Branca, embora o anúncio oficial ainda não tenha sido feito.
É Daniel Restrepo, que cuidará
de assuntos da região no Conselho de Segurança Nacional
(NSC, na sigla em inglês).
Dan Restrepo foi o coordenador de assuntos latino-americanos na campanha de Obama
à Presidência. Até ir para a Casa
Branca, era diretor do Projeto
Américas do Center for American Progress (CAP), centro de
estudos progressista.
Ele será subordinado a Denis
McDonough, que coordenava o
time de política externa da
campanha e hoje virou diretor
de comunicações estratégicas
do NSC. Ambos trabalharam
sob o ex-deputado democrata
Lee Hamilton na Comissão de
Relações Internacionais do
Congresso.
Filho de um economista colombiano que fez carreira em
Washington, Restrepo é considerado um pragmático. Em entrevista à Folha no ano passado, disse que Obama estava
"pronto para trabalhar para
normalizar as relações" entre
Cuba e os EUA e criticou a
"precariedade com que a situação venezuelana foi tratada pelo governo Bush": "Temos de
achar formas de lidar com a região nos seus termos".
Lata de lixo
Num artigo publicado pelo
CAP em fevereiro do ano passado sobre a saída de Fidel Castro
do poder, Restrepo escreveu:
"Para marcar uma nova direção
[da política dos EUA em relação ao país], o presidente Bush
e o Congresso devem jogar na
lata de lixo a chamada lei
Helms-Burton [que regula o
embargo econômico em vigor
há décadas] e toda a postura
ideológica que passou por planejamento de uma transição
em Cuba".
Em outros dois, defendeu
que os EUA eliminem gradualmente a taxa de US$ 0,54 por
galão cobrada do álcool brasileiro, "dando maior acesso ao
mercado para o produto".
Restrepo chega ao NSC no
momento em que o presidente
fortalece o conselho, responsável por formular estratégias de
Defesa e política externa do governo. O democrata ampliou a
equipe e o poder de James Jones, conselheiro de Segurança
Nacional -cargo que já foi de
Henry Kissinger (1968-75), Colin Powell (1987-89) e Condoleezza Rice (2001-05).
Região que Obama desconhece e ignorou até agora, a
América Latina entra no radar
do democrata nessa semana.
O brasileiro Luiz Inácio Lula
da Silva se reúne com ele no sábado na Casa Branca -será o
terceiro líder estrangeiro a fazer isso e o primeiro da região
desde a posse, em janeiro. Os
dois voltam a se encontrar em
abril, na 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago.
O resto do time para a região
continua indefinido. Thomas
Shannon, atual número 1 do
Departamento de Estado para
o Hemisfério Ocidental, continua no cargo pelo menos até a
cúpula. Especula-se que ele
possa ser substituído pelo acadêmico Arturo Valenzuela e
que vá para a Embaixada do
Brasil, hoje com Clifford Sobel.
Enquanto isso, Shannon
coordenará o grupo que vai a
Trinidad e Tobago com Hector
Morales, embaixador dos EUA
na Organização dos Estados
Americanos, e Jeffrey Davidow, ex-embaixador no México
e na Venezuela, que ocupou
cargo similar ao de Shannon
sob Bill Clinton (1993-2001).
Chávez
Na Venezuela, ontem, Chávez brincou brincou com o fato
de o colega americano estar
sendo tachado de "socialista",
por causa do Orçamento expansionista. "Venha, Obama,
alinhe-se conosco", disse, em
visita a siderúrgica estatal.
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