São Paulo, sábado, 07 de março de 2009

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Brasil e aliados tentam barrar japonês à frente da AIEA

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

A mobilização dos países emergentes que compõem o conselho diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entre eles o Brasil, ameaça enterrar os planos do candidato favorito para suceder Mohamed El Baradei à frente do órgão da ONU encarregado de monitorar a proliferação nuclear civil e militar.
O próximo diretor-geral terá a missão, após 12 anos de era El Baradei, de pilotar a AIEA num cenário global marcado pelo impasse sobre o programa nuclear iraniano, pelo retrocesso das negociações com a Coreia de Norte e pelo surgimento de uma nova e explosiva frente de atuação: a Síria.
Após seis meses em campanha, Yukiya Amano, 69, embaixador do Japão na AIEA, chega à eleição do dia 26 de março com a promessa de apoio de ao menos 19 dos 35 países atualmente no conselho diretor da agência sediada em Viena.
Com mais cinco votos, Amano obteria a margem de dois terços que o tornaria vencedor da disputa com o único adversário, sul-africano, e teria seu nome submetido à plenária dos 145 países-membros, em setembro. Mas a campanha do japonês empacou.
Segundo diplomatas, crescem as chances de que ele não alcance a marca de 24 votos, abrindo caminho para que o processo seja reiniciado, com a entrada de novos candidatos.
Por trás da dificuldade do japonês na reta final está a articulação dos países em desenvolvimento, que tentam barrar a eleição de Amano por considerá-lo um burocrata sem carisma e alinhado aos interesses das grandes potências.
Apesar do sigilo eleitoral, é sabido nos corredores da AIEA que países como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha optarão pelo japonês.
Os adversários do japonês tentam emplacar o outro candidato, o embaixador de Pretoria na AIEA e ex-ativista antiapartheid Abdul Samad Minty, 61, tido como menos linha-dura com países problemáticos.
O Brasil, embora diga que não se definiu, prefere o sul-africano, segundo a Folha apurou. Mas como Minty, que esteve em Brasília no início deste mês, só entrou no páreo no fim de dezembro e tem menos de dez votos garantidos, o Itamaraty ainda estuda o risco de se associar a um candidato com poucas chances de ganhar.
O governo brasileiro já cogita apoiar um eventual candidato latino-americano caso não haja vencedor no dia 26. Segundo um diplomata, Brasília quer "deixar a coisa evoluir" antes de tomar a decisão final.


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