|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil e aliados tentam barrar japonês à frente da AIEA
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A mobilização dos países
emergentes que compõem o
conselho diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entre eles o Brasil,
ameaça enterrar os planos do
candidato favorito para suceder Mohamed El Baradei à
frente do órgão da ONU encarregado de monitorar a proliferação nuclear civil e militar.
O próximo diretor-geral terá
a missão, após 12 anos de era El
Baradei, de pilotar a AIEA num
cenário global marcado pelo
impasse sobre o programa nuclear iraniano, pelo retrocesso
das negociações com a Coreia
de Norte e pelo surgimento de
uma nova e explosiva frente de
atuação: a Síria.
Após seis meses em campanha, Yukiya Amano, 69, embaixador do Japão na AIEA, chega
à eleição do dia 26 de março
com a promessa de apoio de ao
menos 19 dos 35 países atualmente no conselho diretor da
agência sediada em Viena.
Com mais cinco votos, Amano obteria a margem de dois
terços que o tornaria vencedor
da disputa com o único adversário, sul-africano, e teria seu
nome submetido à plenária dos
145 países-membros, em setembro. Mas a campanha do japonês empacou.
Segundo diplomatas, crescem as chances de que ele não
alcance a marca de 24 votos,
abrindo caminho para que o
processo seja reiniciado, com a
entrada de novos candidatos.
Por trás da dificuldade do japonês na reta final está a articulação dos países em desenvolvimento, que tentam barrar a
eleição de Amano por considerá-lo um burocrata sem carisma e alinhado aos interesses
das grandes potências.
Apesar do sigilo eleitoral, é
sabido nos corredores da AIEA
que países como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha
optarão pelo japonês.
Os adversários do japonês
tentam emplacar o outro candidato, o embaixador de Pretoria na AIEA e ex-ativista antiapartheid Abdul Samad Minty,
61, tido como menos linha-dura
com países problemáticos.
O Brasil, embora diga que
não se definiu, prefere o sul-africano, segundo a Folha apurou. Mas como Minty, que esteve em Brasília no início deste
mês, só entrou no páreo no fim
de dezembro e tem menos de
dez votos garantidos, o Itamaraty ainda estuda o risco de se
associar a um candidato com
poucas chances de ganhar.
O governo brasileiro já cogita
apoiar um eventual candidato
latino-americano caso não haja
vencedor no dia 26. Segundo
um diplomata, Brasília quer
"deixar a coisa evoluir" antes
de tomar a decisão final.
Texto Anterior: Secretária diz que acenos "testam" o Irã e a Síria Próximo Texto: Obama põe pragmático na América Latina Índice
|