São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2011

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ANÁLISE

Governo de Barack Obama enfrenta dilema da intervenção no caso líbio

MARK LANDLER
DO "NEW YORK TIMES"

Para Barack Obama, a matança na Líbia impôs um dilema que mais cedo ou mais tarde confronta todo presidente americano moderno: se, e como, intervir com força militar num conflito distante.
Desta vez, a escolha é dificultada por questões históricas, geográficas e pelas circunstâncias peculiares do levante líbio: um líder imprevisível e implacável disposto a tudo para ficar no poder, em um conflito que parece tanto uma guerra civil africana quanto uma revolta jovem alimentada pela internet, como as que derrubaram os ditadores do Egito e da Tunísia.
Apesar de serem questões difíceis, o presidente está percorrendo um caminho conhecido e que afligiu antecessores como Ronald Reagan (Líbano), George H. W. Bush (Iraque e Somália), Bill Clinton (Bósnia e Kosovo) e George W. Bush (Darfur).
Há um cálculo de "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", diz Gary Bass, de Princeton. "Se você entra cedo, para salvar vidas, é acusado de ter tido uma reação exagerada. Se você entra tarde, deixa corpos para trás."
Para complicar, Obama herdou duas guerras em terras muçulmanas, o que pode ser um argumento contra se envolver em uma terceira.
Em seu discurso ao mundo árabe em 2009, no Cairo, Obama fez questão de dizer que os EUA não têm ambições imperiais sobre o Iraque ou o Afeganistão -uma promessa que seria testada caso forças americanas entrem em outro país árabe, mesmo que por razões humanitárias.
O fato de que os manifestantes no Egito e na Tunísia derrubaram seus líderes sem a ajuda dos F-16 americanos é visto dentro da Casa Branca como uma grande vitória.
Garantir que os jovens árabes se sintam "donos" de seus processos políticos é uma peça central da estratégia do governo. Há outras razões, mais práticas, para o cuidado. O secretário da Defesa, Robert Gates, disse que os EUA não poderiam arcar com mais uma guerra.
Mesmo uma zona de exclusão aérea seria complexa e arriscada, uma vez que aviões americanos teriam primeiro de destruir o sistema de defesa aéreo líbio.
Há quem defenda a instalação de um governo provisório na Líbia. O problema é quem seria esse governo.
Em muitos aspectos, a Líbia é um mistério. E parece estar se fragmentando tribalmente. Enquanto ninguém defende a permanência do coronel no poder, vê-se os desafios que os EUA teriam ao tentar mediar entre grupos depois que ele se vá.


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