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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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Muçulmanos rumam a Bagdá

PAULO DANIEL FARAH
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Ataquem [os invasores" com a força da fé... Vocês serão os vitoriosos e eles serão, pela vontade de Deus, os vencidos. Deus é maior. Glória para Deus e vitória para o Iraque. Deus é maior."
A exortação de Saddam Hussein para que grupos islâmicos promovam atentados contra militares britânicos e americanos evidencia a tentativa do ditador iraquiano de angariar apoio entre os movimentos religiosos e de confrontar o inimigo com uma arma tão imprevisível quanto difícil de anular: os atentados suicidas.
Muçulmanos de países como Iêmen, Líbia, Sudão, Egito, Síria, Marrocos e Omã vêm atendendo o apelo e se dirigindo ao país. A maioria é jovem e se sente encorajada pelas imagens exibidas pela TV de civis iraquianos mortos pela coalizão anglo-americana.
Em geral, embarcam da Síria em táxis especiais ou em ônibus pagos pelo governo iraquiano. Oficialmente, o governo sírio desencoraja os voluntários. Faruq al Sharaa, chanceler do país, criticou Washington por causa da guerra, mas disse ao Parlamento que os candidatos a atentados deveriam ser dissuadidos da idéia.
"Se alguém está indo, isso está fora de nosso controle enquanto governo", declarou Buthaina Shaaban, representante do Ministério das Relações Exteriores.
Shaaban disse ainda que, levando em conta a fúria com a morte de civis, era surpreendente que a Síria não tivesse "milhões de voluntários dispostos a morrer".
O Iêmen proibiu ao menos 30 pessoas de viajar para Damasco. Autoridades informaram que o grupo foi detido no aeroporto de Sanaa porque tinha bilhetes apenas de ida à capital síria -o destino final seria Bagdá.
A proibição aconteceu na mesma semana em que voluntários iemenitas promoveram uma manifestação em Bagdá na qual prometiam ações suicidas contra forças norte-americanas e britânicas.
Outros governos da região estão evitando que jovens deixem o país. O Egito instruiu a polícia fronteiriça a impedir que eles viajem para a Síria caso não tenham provas de que vão a trabalho ou por outra razão plausível.
Nos últimos dias, o governo iraquiano disse que até 6.000 voluntários teriam viajado de vários países islâmicos para ajudar o Iraque a combater as forças invasoras. Até 4.000 estariam dispostos a realizar ataques suicidas.


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