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Muçulmanos rumam a Bagdá
PAULO DANIEL FARAH
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Ataquem [os invasores" com a
força da fé... Vocês serão os vitoriosos e eles serão, pela vontade
de Deus, os vencidos. Deus é
maior. Glória para Deus e vitória
para o Iraque. Deus é maior."
A exortação de Saddam Hussein para que grupos islâmicos
promovam atentados contra militares britânicos e americanos evidencia a tentativa do ditador iraquiano de angariar apoio entre os
movimentos religiosos e de confrontar o inimigo com uma arma
tão imprevisível quanto difícil de
anular: os atentados suicidas.
Muçulmanos de países como
Iêmen, Líbia, Sudão, Egito, Síria,
Marrocos e Omã vêm atendendo
o apelo e se dirigindo ao país. A
maioria é jovem e se sente encorajada pelas imagens exibidas pela
TV de civis iraquianos mortos pela coalizão anglo-americana.
Em geral, embarcam da Síria
em táxis especiais ou em ônibus
pagos pelo governo iraquiano.
Oficialmente, o governo sírio desencoraja os voluntários. Faruq al
Sharaa, chanceler do país, criticou
Washington por causa da guerra,
mas disse ao Parlamento que os
candidatos a atentados deveriam
ser dissuadidos da idéia.
"Se alguém está indo, isso está
fora de nosso controle enquanto
governo", declarou Buthaina
Shaaban, representante do Ministério das Relações Exteriores.
Shaaban disse ainda que, levando em conta a fúria com a morte
de civis, era surpreendente que a
Síria não tivesse "milhões de voluntários dispostos a morrer".
O Iêmen proibiu ao menos 30
pessoas de viajar para Damasco.
Autoridades informaram que o
grupo foi detido no aeroporto de
Sanaa porque tinha bilhetes apenas de ida à capital síria -o destino final seria Bagdá.
A proibição aconteceu na mesma semana em que voluntários
iemenitas promoveram uma manifestação em Bagdá na qual prometiam ações suicidas contra forças norte-americanas e britânicas.
Outros governos da região estão
evitando que jovens deixem o
país. O Egito instruiu a polícia
fronteiriça a impedir que eles viajem para a Síria caso não tenham
provas de que vão a trabalho ou
por outra razão plausível.
Nos últimos dias, o governo iraquiano disse que até 6.000 voluntários teriam viajado de vários
países islâmicos para ajudar o Iraque a combater as forças invasoras. Até 4.000 estariam dispostos a
realizar ataques suicidas.
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