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Santa Cruz rejeita adiar votação na Bolívia
Governo Morales promete processar líderes, enquanto chanceler brasileiro visita país para facilitar diálogo
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÀ
A visita do chanceler Celso
Amorim à Bolívia neste fim de
semana, precedida por enviados de Argentina e Colômbia,
trouxe poucos avanços para
restabelecer o diálogo entre o
presidente Evo Morales e a
oposição do departamento de
Santa Cruz, que não aceita a
exigência governista para cancelar ou ao menos adiar o referendo sobre o estatuto autonômico, em 4 de maio.
"Não vejo possibilidades para que o referendo seja suspenso. Tem imenso apoio cidadão",
disse ontem à Folha o presidente do Senado, Oscar Ortiz,
cruzenho do oposicionista Podemos, horas após se reunir
com Amorim.
O chamado referendo autonômico é uma resposta de líderes de Santa Cruz à Constituição aprovada sem a presença
do maior partido da oposição,
no final de 2007. Para entrar
em vigor, a nova Carta, que a
oposição promete desobedecer, precisa passar por um referendo, sem data marcada
-Morales chegou a anunciar
que o faria também em 4 de
maio, mas recuou.
Segundo pesquisa de opinião
divulgada ontem pelo jornal
"La Razón", 80% dos cruzenhos apóiam o estatuto autonômico, que prevê mais poderes ao governo regional de Santa Cruz, inclusive criando uma
política aduaneira própria.
Anteontem, Morales voltou a
dizer que não reconhece o referendo promovido por Santa
Cruz, chamou o estatuto autonômico de "sedição" e ameaçou os líderes cruzenhos com
processos legais.
Na avaliação do Itamaraty, a
crise boliviana é complexa e difícil. Após se reunir com Morales anteontem, Amorim disse
"que as últimas informações
que recebemos, em conversas
recentes, deixaram-me um
pouco preocupado com relação
à disposição de abrir esse diálogo", relatou o "La Razón".
Ontem, Amorim viajou a
Santa Cruz para se reunir com
o governador do departamento, Rubén Costas, e com Branko Marinkovic, presidente do
Comitê Pró-Santa Cruz, entidade controlada por empresários que na semana passada havia criticado o envolvimento do
Brasil e da Argentina, por considerá-los pró-Morales.
No próximo dia 14, está prevista uma conversa entre Amorim, o chanceler argentino,
Jorge Taiana, e o vice-chanceler colombiano, Camilo Reyes,
para discutir a crise, parte das
gestões do grupo de países amigos que Morales propôs criar
para facilitar o diálogo.
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