São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Santa Cruz rejeita adiar votação na Bolívia

Governo Morales promete processar líderes, enquanto chanceler brasileiro visita país para facilitar diálogo

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÀ

A visita do chanceler Celso Amorim à Bolívia neste fim de semana, precedida por enviados de Argentina e Colômbia, trouxe poucos avanços para restabelecer o diálogo entre o presidente Evo Morales e a oposição do departamento de Santa Cruz, que não aceita a exigência governista para cancelar ou ao menos adiar o referendo sobre o estatuto autonômico, em 4 de maio.
"Não vejo possibilidades para que o referendo seja suspenso. Tem imenso apoio cidadão", disse ontem à Folha o presidente do Senado, Oscar Ortiz, cruzenho do oposicionista Podemos, horas após se reunir com Amorim.
O chamado referendo autonômico é uma resposta de líderes de Santa Cruz à Constituição aprovada sem a presença do maior partido da oposição, no final de 2007. Para entrar em vigor, a nova Carta, que a oposição promete desobedecer, precisa passar por um referendo, sem data marcada -Morales chegou a anunciar que o faria também em 4 de maio, mas recuou.
Segundo pesquisa de opinião divulgada ontem pelo jornal "La Razón", 80% dos cruzenhos apóiam o estatuto autonômico, que prevê mais poderes ao governo regional de Santa Cruz, inclusive criando uma política aduaneira própria.
Anteontem, Morales voltou a dizer que não reconhece o referendo promovido por Santa Cruz, chamou o estatuto autonômico de "sedição" e ameaçou os líderes cruzenhos com processos legais.
Na avaliação do Itamaraty, a crise boliviana é complexa e difícil. Após se reunir com Morales anteontem, Amorim disse "que as últimas informações que recebemos, em conversas recentes, deixaram-me um pouco preocupado com relação à disposição de abrir esse diálogo", relatou o "La Razón".
Ontem, Amorim viajou a Santa Cruz para se reunir com o governador do departamento, Rubén Costas, e com Branko Marinkovic, presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, entidade controlada por empresários que na semana passada havia criticado o envolvimento do Brasil e da Argentina, por considerá-los pró-Morales.
No próximo dia 14, está prevista uma conversa entre Amorim, o chanceler argentino, Jorge Taiana, e o vice-chanceler colombiano, Camilo Reyes, para discutir a crise, parte das gestões do grupo de países amigos que Morales propôs criar para facilitar o diálogo.


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