São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Sismo atinge patrimônio histórico de sete séculos

Segundo Ministério da Cultura, centro da cidade de Áquila "foi devastado"

Museu, castelos e igrejas construídas desde o século 13 em estilos renascentista, gótico e barroco foram "seriamente danificados"

DA REDAÇÃO

Além do saldo de vítimas do terremoto que atingiu a região italiana de Abruzzo, autoridades já contabilizavam ontem os primeiros danos ao rico patrimônio histórico local. A cidade de Áquila e vilarejos ao redor abrigam igrejas e castelos renascentistas, góticos e barrocos -alguns deles do século 13.
"O dano é mais sério do que podemos imaginar. O centro histórico de Áquila foi devastado", disse Giuseppe Proietti, um alto funcionário do Ministério da Cultura. Segundo ele, um levantamento mais preciso dos prejuízos ao patrimônio histórico ainda não foi feito.
A cidade de cerca de 70 mil habitantes está localizada em um vale cercado pelos montes Apeninos, cobertos de neve nos topos. Fundada por volta de 1240 pelo imperador romano Frederico 2º, durante os seus séculos de história chegou a ser dominada por franceses e espanhóis, que também deixaram ali seus legados arquitetônicos.
Segundo informações preliminares, entre os locais danificados conhecidos está a Basílica de Santa Maria di Collemaggio, do século 13, que teve a parte de trás toda destruída. O local, destino de milhares de peregrinos, foi sede da entronização do papa Celestino 5º, contemporâneo à fundação da cidade, e abriga seu túmulo.
As igrejas barrocas de Santo Agostinho e do Sufrágio -esta localizada na principal praça do centro histórico, a Piazza del Duomo-, ambas do século 18, tiveram desmoronamentos parciais nos seus domos.
O campanário da igreja de San Bernardino, do século 15, que resistira a sucessivos terremotos ao longo da história, desmoronou.
O Museu Nacional de Abruzzo, fundado em 1950 e localizado em um castelo espanhol do século 15, teve o terceiro andar comprometido, impedindo por ora o acesso a pinturas e obras de arte dos séculos 17 e 18 mantidas no local. Segundo autoridades, o risco de desmoronamento dificulta as buscas.
O Portão de Nápoles, uma das cinco entradas do centro histórico de Áquila, construída em homenagem ao imperador romano Carlos 5º, segundo a agência Ansa, foi destruída.
Os banhos termais de Caracalla, em Roma (a 100 km de L'Aquila), erguidos no século 3, também sofreram danificações. Segundo a prefeitura da capital italiana, "especialistas constataram alguns danos, que deverão ser avaliados com maior precisão". Outros monumentos da cidade, como o Coliseu, não foram afetados.
Para Proietti, os prejuízos poderão ser "muito similares" aos do terremoto na região da Úmbria, em 1997, que matou dez pessoas e devastou construções e igrejas medievais como a Basílica de São Francisco de Assis, na cidade de Assis. O teto do local, destruído na ocasião, foi depois restaurado.
Proietti disse, porém, que os danos ao patrimônio histórico de Áquila e de 26 vilarejos vizinhos só poderão ser estabelecidos com precisão depois que forem concluídas as buscas por sobreviventes da tragédia.
Segundo Alessandro Clementi, estudioso de Áquila, a cidade já havia sido atingida por um terremoto de grande magnitude em 1703, sendo depois toda reconstruída. "O que corremos o risco de perder é um ponto de referência da civilização europeia", afirmou.


Com agências internacionais e o "New York Times"

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