São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Moscou refuta versão coreana sobre foguete

Defesa nega entrada de satélite em órbita, mas diplomacia russa cobra da ONU foco na questão nuclear da Coreia do Norte

Enquanto EUA defendem adotar "posição firme", Conselho de Segurança diverge sobre advertir ou punir regime de Kim Jong-il

DA REDAÇÃO

Principal aliada da Coreia do Norte ao lado da China, a Rússia negou ontem a versão de Pyongyang acerca do lançamento do foguete Taepodong-2 na noite de sábado. Entretanto, no campo diplomático, Moscou permaneceu em defesa dos norte-coreanos, instando o Conselho de Segurança da ONU (CS) a não adotar uma reação emocional e manter o foco na desnuclearização da península Coreana.
A negativa russa veio por meio do porta-voz do Estado Maior das Forças Armadas. Segundo relatou a agência de notícias local Interfax a partir de informações da cúpula militar, "o sistema de controle do espaço cósmico não detectou a entrada em órbita do satélite norte-coreano, não há tal satélite".
O regime comunista de Kim Jong-il sustentou que o disparo do foguete colocou em órbita o satélite de comunicação Kwangmyongsong-2.
Anteontem, a agência local de notícias KCNA informara que a empreitada fora "um sucesso". Chegou inclusive a apresentar detalhes como a distância entre o satélite e a Terra, o tempo que o artefato gastava em cada volta no planeta e seu uso para divulgar informações e hinos patrióticos.
A constatação russa de ontem reforçou a suspeita de EUA, Japão, Coreia do Sul e especialistas em foguetes -que o disparo do Taepodong-2 foi, na verdade, um teste de míssil balístico de longo alcance.
Editada em julho 2006, após um teste de foguete similar, uma resolução do CS exigiu de Pyongyang o abandono de seu programa de mísseis balísticos -pelo risco de serem usados para carregar ogivas nucleares.
Em outubro do mesmo ano, uma nova resolução editada após um teste nuclear norte-coreano reiterou a ordem para o país abandonar os dois programas (nuclear e de mísseis) e impôs sanções contra ele.
Válidas até hoje, são essas as sanções que os EUA e seus aliados desejam reforçar -meta contrariada por Rússia e China, que têm poder de veto no CS.

Advertir ou punir
Um dia depois de os membros do CS se dividirem acerca da resposta à Coreia do Norte, Rússia e EUA tomaram a liderança dos blocos divergentes.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que o disparo do Taepodong-2 tem "grave implicações" e cobrou da ONU uma resposta enérgica. "O trabalho na linguagem [de uma nova resolução] não é facilmente realizado, mas continuamos convencidos de que demonstrar uma posição firme na ONU é o primeiro e importante passo que vamos tomar."
Com o embaixador chinês na entidade, Zhang Yesui, alegando simplesmente que qualquer reação deve ser "cautelosa e proporcional", coube à Rússia desenvolver a argumentação contrária a novas sanções.
"O elemento central na situação é o debate no Grupo dos Seis", declarou o embaixador russo na ONU em alusão à entidade composta pelos representantes de EUA, Rússia, Japão, China e das duas Coreias, que negocia o desarmamento e a paz na península Coreana.
"O ponto-chave", disse Vitaly Churkin, "é ter certeza de que não estaremos confinados a uma reação emotiva, pois precisamos de uma estratégia comum e não perder de vista o objetivo comum antinuclear".
Segundo um diplomata familiarizado com as negociações, 10 membros do CS estão do lado liderado pelos EUA, que é contrariado pelos outros 5. Ele disse que o impasse, em linhas gerais, é basicamente sobre emitir um alerta ou propor mais punições ao regime norte-coreano.


Com agências internacionais


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