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Moscou refuta versão coreana sobre foguete
Defesa nega entrada de satélite em órbita, mas diplomacia russa cobra da ONU foco na questão nuclear da Coreia do Norte
Enquanto EUA defendem adotar "posição firme", Conselho de Segurança diverge sobre advertir ou punir regime de Kim Jong-il
DA REDAÇÃO
Principal aliada da Coreia do
Norte ao lado da China, a Rússia negou ontem a versão de
Pyongyang acerca do lançamento do foguete Taepodong-2
na noite de sábado. Entretanto,
no campo diplomático, Moscou
permaneceu em defesa dos
norte-coreanos, instando o
Conselho de Segurança da
ONU (CS) a não adotar uma
reação emocional e manter o
foco na desnuclearização da península Coreana.
A negativa russa veio por
meio do porta-voz do Estado
Maior das Forças Armadas. Segundo relatou a agência de notícias local Interfax a partir de
informações da cúpula militar,
"o sistema de controle do espaço cósmico não detectou a entrada em órbita do satélite norte-coreano, não há tal satélite".
O regime comunista de Kim
Jong-il sustentou que o disparo
do foguete colocou em órbita o
satélite de comunicação
Kwangmyongsong-2.
Anteontem, a agência local
de notícias KCNA informara
que a empreitada fora "um sucesso". Chegou inclusive a
apresentar detalhes como a
distância entre o satélite e a
Terra, o tempo que o artefato
gastava em cada volta no planeta e seu uso para divulgar informações e hinos patrióticos.
A constatação russa de ontem reforçou a suspeita de
EUA, Japão, Coreia do Sul e especialistas em foguetes -que o
disparo do Taepodong-2 foi, na
verdade, um teste de míssil balístico de longo alcance.
Editada em julho 2006, após
um teste de foguete similar,
uma resolução do CS exigiu de
Pyongyang o abandono de seu
programa de mísseis balísticos
-pelo risco de serem usados
para carregar ogivas nucleares.
Em outubro do mesmo ano,
uma nova resolução editada
após um teste nuclear norte-coreano reiterou a ordem para
o país abandonar os dois programas (nuclear e de mísseis) e
impôs sanções contra ele.
Válidas até hoje, são essas as
sanções que os EUA e seus aliados desejam reforçar -meta
contrariada por Rússia e China,
que têm poder de veto no CS.
Advertir ou punir
Um dia depois de os membros do CS se dividirem acerca
da resposta à Coreia do Norte,
Rússia e EUA tomaram a liderança dos blocos divergentes.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que o disparo do Taepodong-2 tem "grave implicações" e cobrou da ONU uma
resposta enérgica. "O trabalho
na linguagem [de uma nova resolução] não é facilmente realizado, mas continuamos convencidos de que demonstrar
uma posição firme na ONU é o
primeiro e importante passo
que vamos tomar."
Com o embaixador chinês na
entidade, Zhang Yesui, alegando simplesmente que qualquer
reação deve ser "cautelosa e
proporcional", coube à Rússia
desenvolver a argumentação
contrária a novas sanções.
"O elemento central na situação é o debate no Grupo dos
Seis", declarou o embaixador
russo na ONU em alusão à entidade composta pelos representantes de EUA, Rússia, Japão,
China e das duas Coreias, que
negocia o desarmamento e a
paz na península Coreana.
"O ponto-chave", disse Vitaly
Churkin, "é ter certeza de que
não estaremos confinados a
uma reação emotiva, pois precisamos de uma estratégia comum e não perder de vista o objetivo comum antinuclear".
Segundo um diplomata familiarizado com as negociações,
10 membros do CS estão do lado liderado pelos EUA, que é
contrariado pelos outros 5. Ele
disse que o impasse, em linhas
gerais, é basicamente sobre
emitir um alerta ou propor
mais punições ao regime norte-coreano.
Com agências internacionais
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