São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Obama não descarta falar com Chávez

Presidente tratará a todos com respeito na Cúpula das Américas e espera reciprocidade, diz diplomata

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O presidente Barack Obama não exclui a possibilidade de falar com seu colega venezuelano Hugo Chávez durante a 5ª Cúpula das Américas, que acontece no fim da semana que vem em Trinidad e Tobago.
"A agenda do presidente não está definida ainda", disse Jeffrey Davidow, enviado especial do novo governo para o evento. "Eu acho, no entanto, que é justo dizer que a estrutura do encontro oferece amplas oportunidades para discussões entre os presidentes."
A Folha revelou na sexta que o governo brasileiro tenta promover um encontro bilateral entre Chávez e Obama em Trinidad e Tobago, decorrência de um pedido do venezuelano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Indagado sobre a possibilidade, Davidow explicou a estrutura do evento e concluiu que haverá "amplas oportunidades para discussões".
"Há três sessões plenárias, várias refeições, e uma sessão em que são os chefes de Estado apenas, ninguém mais, 34 homens e mulheres na sala. Então haverá amplas oportunidades para discussões", respondeu. "Eu sei que o presidente está interessado em falar com todos os seus colegas".
Desde a eleição de Obama, o venezuelano vem dando declarações ciclotímicas sobre o democrata, ora de elogios pelo feito, ora de críticas pelo continuísmo que ele representaria em relação a George W. Bush.
Desde que assumiu a Casa Branca, no entanto, Obama vem acenando com mudanças na política externa americana, que incluiu distensão em relação ao Irã. Nesse contexto, a aproximação entre EUA e Venezuela interessa aos dois países. Para Obama, neutralizaria a bandeira antiamericana levantada por Chávez na região. Para Chávez, garantiria a continuidade de relações com o país que, apesar da retórica, é seu principal parceiro comercial.
Já o papel do Brasil seria, nas palavras de um diplomata brasileiro, de "honest broker", um mediador neutro.
Indagado sobre o fato de os governos da Venezuela e da Bolívia terem expulsado recentemente os embaixadores norte-americanos, Davidow chamou a situação de "não-natural" e disse esperar que mude. "Nosso objetivo é ter bom trabalho e relações diplomáticas com todos os países da região", afirmou, durante entrevista pela manhã na sede do Departamento de Estado.
"O presidente vai à Cúpula e espera tratar todos os presidentes com a dignidade e o respeito que eles merecem e espera reciprocidade."
Sobre o recente noticiário de que os EUA devem afrouxar mais as restrições de viagem e remessa de dinheiro a Cuba, Davidow disse que "não se surpreenderia" se o anúncio oficial acontecer antes do evento.


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