São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Vendem-se armas como doces nos EUA, diz viúva

Brasileiro foi morto por atirador que portava pistolas legais

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A viúva do professor Almir Olímpio Alves -um dos mortos pelo atirador que atacou o prédio de uma organização de atendimento a imigrantes na última sexta-feira, em Binghamton, a 225 km de Nova York- criticou ontem a legislação sobre venda de armas nos Estados Unidos. Segundo ela, "lá armas são vendidas como se fossem chocolates".
A professora Márcia Pereira Lins Alves, 36, disse que os familiares de vítimas dos últimos episódios envolvendo atiradores nos EUA deveriam se unir em um movimento internacional de protesto contra a venda indiscriminada de armas.
"Deveriam mudar as leis que permitem que qualquer pessoa compre armas até em supermercado. Existem muitas chacinas lá", disse a viúva, que estava ontem na reitoria da UPE (Universidade de Pernambuco), em Recife. Alves era professor da universidade no campus de Nazaré da Mata, a 65 km da capital.
O brasileiro fazia pós-doutorado em matemática na Universidade de Binghamton e estava tendo aulas de inglês na Associação Cívica Americana quando o vietnamita Jiverly Wong, 41, invadiu o local com duas pistolas semiautomáticas e o matou e a mais 12 pessoas antes de se suicidar.
O atirador já havia tido problemas com a lei em 1999, quando a polícia recebeu uma denúncia, nunca comprovada, de que ele planejava roubar um banco e era viciado em crack. As armas do ataque foram compradas legalmente.
Segundo Márcia, até ontem não havia data prevista para a chegada do corpo do marido ao Brasil. O traslado será pago por uma empresa de seguros contratada por Alves nos EUA logo que chegou, em setembro.
A UPE decretou luto de três dias pela morte. No campus de Nazaré da Mata, houve uma missa em sua homenagem.
Márcia disse que se dedicará neste momento a "prestar as últimas homenagens ao marido", para depois retomar a vida com o filho Alan, de 16 anos. "É uma grande tristeza dentro da gente e só pedindo a Deus para superar isso tudo."
Segundo ela, por uma "ação de Deus" o filho do casal também não foi vítima da tragédia, pois eles tinham planos de levá-lo aos EUA para estudar inglês. "Achamos melhor ele não ir para não perder um ano na escola. Depois do acontecido isso me veio à cabeça, refleti que foi coisa de Deus mesmo, porque se Alan estivesse lá certamente estaria com o pai." Alves estava com a volta para o Brasil marcada para junho.


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