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Vendem-se armas como doces nos EUA, diz viúva
Brasileiro foi morto por atirador que portava pistolas legais
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A viúva do professor Almir
Olímpio Alves -um dos mortos
pelo atirador que atacou o prédio de uma organização de
atendimento a imigrantes na
última sexta-feira, em Binghamton, a 225 km de Nova
York- criticou ontem a legislação sobre venda de armas nos
Estados Unidos. Segundo ela,
"lá armas são vendidas como se
fossem chocolates".
A professora Márcia Pereira
Lins Alves, 36, disse que os familiares de vítimas dos últimos
episódios envolvendo atiradores nos EUA deveriam se unir
em um movimento internacional de protesto contra a venda
indiscriminada de armas.
"Deveriam mudar as leis que
permitem que qualquer pessoa
compre armas até em supermercado. Existem muitas chacinas lá", disse a viúva, que estava ontem na reitoria da UPE
(Universidade de Pernambuco), em Recife. Alves era professor da universidade no campus de Nazaré da Mata, a 65 km
da capital.
O brasileiro fazia pós-doutorado em matemática na Universidade de Binghamton e estava tendo aulas de inglês na
Associação Cívica Americana
quando o vietnamita Jiverly
Wong, 41, invadiu o local com
duas pistolas semiautomáticas
e o matou e a mais 12 pessoas
antes de se suicidar.
O atirador já havia tido problemas com a lei em 1999,
quando a polícia recebeu uma
denúncia, nunca comprovada,
de que ele planejava roubar um
banco e era viciado em crack.
As armas do ataque foram compradas legalmente.
Segundo Márcia, até ontem
não havia data prevista para a
chegada do corpo do marido ao
Brasil. O traslado será pago por
uma empresa de seguros contratada por Alves nos EUA logo
que chegou, em setembro.
A UPE decretou luto de três
dias pela morte. No campus de
Nazaré da Mata, houve uma
missa em sua homenagem.
Márcia disse que se dedicará
neste momento a "prestar as
últimas homenagens ao marido", para depois retomar a vida
com o filho Alan, de 16 anos. "É
uma grande tristeza dentro da
gente e só pedindo a Deus para
superar isso tudo."
Segundo ela, por uma "ação
de Deus" o filho do casal também não foi vítima da tragédia,
pois eles tinham planos de levá-lo aos EUA para estudar inglês.
"Achamos melhor ele não ir para não perder um ano na escola.
Depois do acontecido isso me
veio à cabeça, refleti que foi coisa de Deus mesmo, porque se
Alan estivesse lá certamente
estaria com o pai." Alves estava
com a volta para o Brasil marcada para junho.
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