São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Gates propõe novas prioridades para gastos do Pentágono

Proposta orçamentária de secretário de Obama põe foco principal em combate à insurgência no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão

Programas de defesas de mísseis e outros tachados de herança da Guerra Fria terão verbas reduzidas, anuncia secretário da Defesa dos EUA

DO "NEW YORK TIMES"

O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou ontem uma ampla reformulação no Orçamento do Pentágono, com cortes profundos em muitos sistemas de armas tradicionais, mas bilhões de dólares adicionais em verbas para novas tecnologias destinadas a combater as insurgências no Iraque e Afeganistão.
A decisão representa a primeira grande reforma na estratégia militar americana no governo de Barack Obama, que deseja gastar mais dinheiro no combate ao terrorismo no Iraque e Afeganistão e menos em preparativos para guerra convencional contra grandes nações como a Rússia ou a China. Gates anunciou cortes nos programas de defesa contra mísseis e disse que irá reformular o programa Sistemas de Combate Futuros, do Exército, uma combinação de sensores robotizados e novos veículos de combate de custo avaliado em US$ 160 bilhões. A expectativa é de que o número de veículos seja reduzido, mas o Pentágono provavelmente levará adiante a produção dos sensores, cujo objetivo é proteger os soldados ao lhes dar informações melhores sobre o campo de batalha.
Mas ele propôs gastar US$ 11 bilhões adicionais para concluir a expansão do Exército e dos fuzileiros navais e suspender as reduções na Força Aérea e na Marinha. Também anunciou US$ 2 bilhões adicionais para equipamento de inteligência e vigilância, o que incluiria mais gastos com as unidades de forças especiais e 50 novos aviões não tripulados Reaper e Predator, hoje usados em Paquistão, Afeganistão e Iraque para ataques a extremistas.
O secretário também anunciou que não toleraria o tipo de alocação orçamentária suplementar, fora do Orçamento regular, que se tornou comum para cobrir os custos das guerras no Iraque e Afeganistão no governo de George W. Bush. "Precisamos agir de maneira a impedir sistemas de custeio improvisados", disse Gates. Ele afirmou que usaria o Orçamento do Departamento da Defesa para o próximo ano fiscal, que começa em 1º de outubro, para implementar o que vê como uma profunda mudança cultural no Pentágono, especialmente na forma pela qual são distribuídos os bilhões de dólares em verbas anuais de desenvolvimento de armas, entre os quais algumas concebidas e construídas para a era da Guerra Fria, visando combater um inimigo que já não existe. Gates enfatizou que solicitaria aumento de verbas para pelo menos alguns dos programas do Pentágono. "Todo o mundo está concentrado no fato de que ele está promovendo cortes", diz Bryan Whitman, porta-voz do Pentágono. "Mas também haverá muita expansão das capacidades de que precisamos."
"Ele tomou algumas decisões estratégicas importantes quanto à maneira pela qual pretende recomendar ao presidente que apliquemos os recursos deste departamento", disse Whitman. "E isso não vai incluir todos os programas. É simplesmente impossível".


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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