São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011

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China faz agrado a Embraer antes de visita de Dilma

Empresa brasileira obtém financiamento para venda de jatos executivos

Fabricante de aviões ainda enfrenta grandes dificuldades para produzir aeronaves de porte médio, no entanto

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A poucos dias de sediar cúpula dos Brics, a ilha tropical de Hainan, no sul da China, abrigou outro encontro de emergentes: 250 dos homens mais ricos da segunda economia mundial estavam lá no último fim de semana.
Entre iates milionários e marcas como BMW e Chopard, a Embraer assinou um acordo para financiamento de jatos executivos, a mais recente estratégia para não fechar a sua fábrica no país.
"Ambas as partes confiam no futuro do mercado de aviação executiva chinês", disse Kong Linshan, presidente da Minsheng Financial Leasing, ao assinar o acordo, ao lado vice-presidente da Embraer Luís Carlos Affonso.
Sem conseguir até agora a autorização chinesa para fabricar o E-190, para até 114 passageiros, a Embraer está agora buscando o aval oficial para produzir no país jatos executivos Legacy 600/650.
A empresa avalia que a visita da presidente Dilma Rousseff, semana que vem, será decisiva para a fábrica que mantém em Harbin (nordeste da China), praticamente parada por falta de encomendas ao único modelo que está autorizado a fabricar.
Aberta em 2002, a joint venture entre a Embraer e a estatal Avic 2 só está autorizada a produzir o modelo ERJ-145, para 50 passageiros, já sem mercado. A última unidade em fabricação deveria ser entregue no primeiro semestre deste ano -procurada, a empresa não informou se a fábrica está parada.
Como a China tem resistido a autorizar a construção do E-190, supostamente para privilegiar o projeto de um avião chinês, a Embraer recentemente propôs a Pequim fabricar os jatos executivos.
A parte técnica é fácil, já que os Legacy 600/650 são construídos na mesma plataforma do ERJ-135. O problema parece ser o pequeno mercado chinês para esse tipo de avião.
"Simplesmente não há demanda suficiente para o Legacy 600 na China para manter uma linha de produção inteira", diz o analista Brendan Sobie, do Centro para a Aviação da Ásia e do Pacífico, com sede na Austrália.
Sobie disse que a falta de estrutura nos aeroportos para jatos executivos é um dos problemas. "Outro tema é cultural. Ao contrário de regiões como o Oriente Médio, as pessoas e as empresas na China não gostam de se exibir usando jatos."
De fato, dos 115 aviões da Embraer vendidos à China desde 2000, todos são aviões comerciais -nenhum jato executivo. Desses, 41 são ERJ-145 construídos na fábrica de Harbin, que reúne 250 dos 300 funcionários da Embraer no país.
Segundo dados da Embraer, a empresa tem 60% do mercado chinês de aeronaves até 120 assentos.
"Talvez um dia a Embraer construirá jatos executivos na China, mas no momento a empresa precisa de um programa de aviação comercial viável para manter a sua joint venture em Harbin aberta. O E-190 é realmente a única alternativa", afirmou Sobie.


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