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Sarkozy é contra Turquia na UE e pode agravar crise
DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS
A Turquia acordou hoje com
uma certeza inquietante: não
mais ingressará na União Européia. Com Nicolas Sarkozy na
Presidência, a França oporá
seu veto a esse ingresso, contrariamente ao que faria o ainda presidente Jacques Chirac.
O resultado das presidenciais
liberará a parceira preferencial
francesa no bloco europeu, a
chanceler alemã, Angela Merkel, a fazer abertamente o mesmo, abandonando os pudores que
até agora mantinha.
O governo turco iniciou suas
negociações em 2002. Elas estão hoje congeladas, em razão
da recusa de Ancara de abrir
seus portos a Chipre -onde o
único governo internacionalmente reconhecido é o de hegemonia grega, inimigo da minoria turca, cuja "república" só os
turcos até agora reconhecem.
Durante toda sua campanha,
Sarkozy argumentou que a
Turquia não é um país europeu
e que incorporá-la à União Européia seria uma "aberração"
tão grande quanto negociar a
adesão do Afeganistão.
Ontem, José Manuel Barroso
Durão, presidente da Comissão
Européia, reagiu: "Seria um erro questionar agora as negociações com a Turquia, sobretudo
neste momento em que o país
atravessa uma situação difícil".
Com a eleição de Sarkozy, a
França funciona indiretamente como fator de perturbação
na crise política em que o país
está mergulhado. A tendência é
de reforçar o AKP (Partido da
Justiça e do Desenvolvimento),
de orientação islâmica, do premiê Tayyp Erdogan.
Ele não terá mais interesse
em se apresentar como um islâmico moderado. Poderá jogar a
carta do isolamento para radicalizar sua plataforma, para o
desespero da herança laica forjada desde os anos 20 do século
20 pelo regime do presidente e
ditador Kemal Ataturk, hoje
ainda forte no Judiciário, nas
Forças Armadas e nos partidos
não-religiosos.
(JBN)
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