São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2007

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Sarkozy é contra Turquia na UE e pode agravar crise

DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS

A Turquia acordou hoje com uma certeza inquietante: não mais ingressará na União Européia. Com Nicolas Sarkozy na Presidência, a França oporá seu veto a esse ingresso, contrariamente ao que faria o ainda presidente Jacques Chirac.
O resultado das presidenciais liberará a parceira preferencial francesa no bloco europeu, a chanceler alemã, Angela Merkel, a fazer abertamente o mesmo, abandonando os pudores que até agora mantinha.
O governo turco iniciou suas negociações em 2002. Elas estão hoje congeladas, em razão da recusa de Ancara de abrir seus portos a Chipre -onde o único governo internacionalmente reconhecido é o de hegemonia grega, inimigo da minoria turca, cuja "república" só os turcos até agora reconhecem.
Durante toda sua campanha, Sarkozy argumentou que a Turquia não é um país europeu e que incorporá-la à União Européia seria uma "aberração" tão grande quanto negociar a adesão do Afeganistão.
Ontem, José Manuel Barroso Durão, presidente da Comissão Européia, reagiu: "Seria um erro questionar agora as negociações com a Turquia, sobretudo neste momento em que o país atravessa uma situação difícil".
Com a eleição de Sarkozy, a França funciona indiretamente como fator de perturbação na crise política em que o país está mergulhado. A tendência é de reforçar o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), de orientação islâmica, do premiê Tayyp Erdogan.
Ele não terá mais interesse em se apresentar como um islâmico moderado. Poderá jogar a carta do isolamento para radicalizar sua plataforma, para o desespero da herança laica forjada desde os anos 20 do século 20 pelo regime do presidente e ditador Kemal Ataturk, hoje ainda forte no Judiciário, nas Forças Armadas e nos partidos não-religiosos. (JBN)


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