São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2000


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OEA diz estar à beira da falência

DO ENVIADO ESPECIAL

Subitamente tirada de seu tradicional esquecimento pela crise no Peru, a OEA (Organização dos Estados Americanos), criada em 1948, aproveitou a atenção da opinião pública mundial para comunicar que irá à falência se alguns países-membros não pagarem suas dívidas com a entidade.
"Se esses países não pagarem, assistiremos à extinção de nossa organização", disse o secretário-geral da entidade, César Gaviria, aos embaixadores dos 34 países-membros na Assembléia Geral da entidade, em Windsor, no Canadá. Os dois maiores devedores são os EUA (US$ 35,6 milhões) e o Brasil (US$ 23,7 milhões). O total de dívidas dos países com a OEA é de US$ 69,5 milhões, ou quase um orçamento anual inteiro da entidade, de US$ 73 milhões.
Segundo Gaviria, a crise financeira da OEA fez com que nove instituições regionais fechassem as portas e com que a Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo brasileiro Hélio Bicudo, deixasse de ser fórum permanente.
Apesar do apelo de Gaviria, ouvido por todos os embaixadores dos países com um "forçado" grau de interesse, não há garantias de que as dívidas serão pagas.
A reação dos governos ao esforço de Gaviria foi diferenciada. Representantes de alguns países, como o Brasil, dizem que a questão está bloqueada no Congresso e que, apesar da boa vontade do Executivo, nada pode ser feito no curto prazo.
Como uma demonstração de interesse, o governo brasileiro doou, em Windsor, US$ 50 mil à Comissão de Direitos Humanos da OEA.
Já o México, de forma um pouco mais agressiva, sugeriu que a OEA cortasse alguns de seus "apêndices" considerados inúteis, como, por exemplo, a Junta Interamericana de Defesa, integrada por vários militares brasileiros e chefiada por um norte-americano.
Atendendo aos pedidos de Gaviria, os países-membros da OEA aprovaram uma resolução instruindo o secretário-geral a apresentar um plano de pagamento detalhado para resolver a crise da entidade e exortando os integrantes em atraso a pagar o que devem.
Gaviria acredita que a crise financeira da entidade decorre de vários fatores, entre eles o fim da Guerra Fria, que deixou sem espaço claro a ação de organismos regionais, e a redução do papel dos Estados na política global, com o avanço das privatizações.


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