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OEA diz estar à beira da falência
DO ENVIADO ESPECIAL
Subitamente tirada de seu tradicional esquecimento pela crise
no Peru, a OEA (Organização dos
Estados Americanos), criada em
1948, aproveitou a atenção da opinião pública mundial para comunicar que irá à falência se alguns
países-membros não pagarem
suas dívidas com a entidade.
"Se esses países não pagarem,
assistiremos à extinção de nossa
organização", disse o secretário-geral da entidade, César Gaviria,
aos embaixadores dos 34 países-membros na Assembléia Geral da
entidade, em Windsor, no Canadá. Os dois maiores devedores são
os EUA (US$ 35,6 milhões) e o
Brasil (US$ 23,7 milhões). O total
de dívidas dos países com a OEA é
de US$ 69,5 milhões, ou quase um
orçamento anual inteiro da entidade, de US$ 73 milhões.
Segundo Gaviria, a crise financeira da OEA fez com que nove
instituições regionais fechassem
as portas e com que a Comissão
de Direitos Humanos, presidida
pelo brasileiro Hélio Bicudo, deixasse de ser fórum permanente.
Apesar do apelo de Gaviria, ouvido por todos os embaixadores
dos países com um "forçado"
grau de interesse, não há garantias de que as dívidas serão pagas.
A reação dos governos ao esforço de Gaviria foi diferenciada. Representantes de alguns países, como o Brasil, dizem que a questão
está bloqueada no Congresso e
que, apesar da boa vontade do
Executivo, nada pode ser feito no
curto prazo.
Como uma demonstração de
interesse, o governo brasileiro
doou, em Windsor, US$ 50 mil à
Comissão de Direitos Humanos
da OEA.
Já o México, de forma um pouco mais agressiva, sugeriu que a
OEA cortasse alguns de seus
"apêndices" considerados inúteis, como, por exemplo, a Junta
Interamericana de Defesa, integrada por vários militares brasileiros e chefiada por um norte-americano.
Atendendo aos pedidos de Gaviria, os países-membros da OEA
aprovaram uma resolução instruindo o secretário-geral a apresentar um plano de pagamento
detalhado para resolver a crise da
entidade e exortando os integrantes em atraso a pagar o que devem.
Gaviria acredita que a crise financeira da entidade decorre de
vários fatores, entre eles o fim da
Guerra Fria, que deixou sem espaço claro a ação de organismos
regionais, e a redução do papel
dos Estados na política global,
com o avanço das privatizações.
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