São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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ANÁLISE

Casa Branca muda tática para conter investigação

ELISABETH BUMILLER
DO "THE NEW YORK TIMES"

Com Washington acordando quase todos os dias com novas revelações sobre alertas de terrorismo anteriores ao 11 de setembro, a Casa Branca mudou abruptamente sua estratégia. Abandonou as ferozes acusações contra os democratas, que insistem em investigar se houve falha do governo, pela auto-inoculação -admite erros no passado e prepara o terreno para mais más notícias.
As duas estratégias, porém, têm os mesmos objetivos: abafar as críticas contra o presidente George W. Bush e barrar uma investigação independente que poderia fugir ao controle da Casa Branca.
Embora o governo esteja cooperando com uma investigação conjunta dos comitês de inteligência da Câmara e do Senado, o senador Tom Daschle, líder da maioria democrata, disse que Bush e seu vice, Dick Cheney, já haviam lhe pedido que não houvesse nenhuma investigação.
A Casa Branca admitiu a mudança de estratégia, dizendo que não precisa mais atacar os democratas que criticam o governo. Alguns assessores notaram que líderes democratas recuaram de suas críticas iniciais após Cheney tê-los advertido contra sugestões "incendiárias" de que a Casa Branca foi alertada previamente sobre o 11 de setembro. "Acho que os democratas reconheceram o erro de politizar o assunto", disse um membro do governo.
Outros republicanos disseram que a Casa Branca não tinha outra alternativa a não ser atenuar seus ataques aos democratas após as revelações sobre alertas desprezados terem se tornado diárias.
Nesta semana, com o reconhecimento de que as falhas da CIA (agência de inteligência) e do FBI (polícia federal) foram maiores do que estimava-se, a mudança na posição do presidente tornou-se clara. "Acho que está claro que a CIA e o FBI não estavam se comunicando de forma adequada", disse Bush, na terça.
Mas ele não foi tão longe quanto o seu diretor do FBI, , Robert S. Mueller, que disse, em maio, que o governo podia ter impedido os ataques se sua agência tivesse respondido diferentemente a todas as informações disponíveis. "Ainda não vi evidências de que este país poderia ter impedido os ataques", disse Bush.
Enquanto isso, a estratégia democrata é a de seguir pedindo uma investigação abrangente e independente -uma forma de criticar implicitamente o governo, mas não o extraordinariamente popular presidente.
Bush, por enquanto, resiste agressivamente à idéia, que seria perigosa e imprevisível. A Casa Branca diz que uma investigação desse tipo tomaria um tempo crucial do governo enquanto ele trava sua guerra contra o terrorismo.



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