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Bush veta metas para redução de poluentes
DO ENVIADO ESPECIAL À ALEMANHA
O projeto alemão de obter do
G8, o clube dos sete países mais
ricos do mundo mais a Rússia,
metas numéricas para a redução dos gases que causam o
aquecimento global ruiu antes
mesmo de começar formalmente o encontro de cúpula do
grupo, o que se daria em um
jantar na noite de ontem.
O torpedo definitivo na linha
de flutuação do projeto foi disparado pela manhã por James
Connaughton, principal assessor da Casa Branca para o ambiente, ao dizer que não existe
"uma solução tamanho único
para todos" e acrescentar que
os EUA se opõem à meta dos
2C como teto admissível para
o aumento médio da temperatura até o fim deste século, em
relação à era pré-industrial.
Para que esse teto fosse alcançado, o projeto alemão determinava que a emissão de gases do efeito estufa (que causam o aquecimento global) deveria ser reduzida à metade, sobre os níveis de 1990, até 2050.
Sem o teto de 2C tampouco há
a meta decorrente.
Connaughton disse também
que três outros países do G8
(Japão, Canadá e Rússia) têm
posição idêntica à dos EUA. Depois do torpedo, Angela Merkel, a chanceler alemã e, como
tal, anfitriã da cúpula, reuniu-se com o presidente George
Walker Bush, no que era encarado como a última tentativa
para um acordo que permitisse
um desfecho ambicioso da cúpula, na questão ambiental.
Não funcionou. Merkel deixou a reunião dizendo que os
dois haviam encontrado "pontos comuns em temas como o
combate à pobreza e à doenças
infecciosas na África", mas que,
em "áreas aqui e ali", haveria
necessidade de discussões adicionais.
Europa x EUA
Bush, por sua vez, expressou
"o forte desejo" de trabalhar
"com os países do G8 na elaboração de um novo acordo para
reduzir as emissões de gases do
efeito estufa e para reduzir a
dependência do fornecimento
de petróleo de fontes externas".
Mas não mencionou nem de
passagem as metas defendidas
por Merkel. De todo modo, os
EUA podem admitir outro ponto-chave para os europeus: o de
que as futuras negociações para
o tratado que vai substituir o
Protocolo de Kyoto sejam conduzidas no âmbito da ONU.
O protocolo, do qual os EUA
se retiraram, vence em 2012 e,
por isso, é urgente iniciar negociações para o seu substituto.
Mas os europeus temiam que
os norte-americanos quisessem conduzir um processo paralelo, a partir do convite feito
na semana passada por Bush
para uma reunião dos 15 países
mais poluentes (Brasil inclusive) no último trimestre do ano.
Ontem mesmo, o presidente
da Comissão Européia, José
Manuel Durão Barroso, que fala em nome do conglomerado
de 27 países, dizia que espera
que os EUA se integrem ao processo global, sob o argumento
de que, "se há um problema que
é global por natureza, é esse".
Durão Barroso defendeu o
estabelecimento de metas
"obrigatórias e mensuráveis"
para conter o aquecimento.
Mas admitiu que elas não sairão da cúpula de Heiligendamm, pelo menos não nesse
formato. O que pode, sim, sair é
o reconhecimento da necessidade de estabelecer metas em
algum momento futuro.
O presidente da Comissão
Européia queixou-se da falta de
liderança no processo, em alusão indireta aos EUA, depois de
citar dados comparativos sobre
o desempenho europeu e norte-americano no quesito emissão de gases do efeito estufa.
Segundo ele, os 27 países da
União Européia reduziram 5%
as emissões, desde 1990, ao
passo que os EUA aumentaram-nas 15,8%.
(CR)
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