Francisco de Narváez investe fortemente em propaganda para vencer o governo em disputa legislativa

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Relógio no QG de campanha de Francisco de Narváez marca as horas, os minutos e até os segundos que faltam para as eleições do próximo dia 28 na Argentina. A obsessão tem causa: esse herdeiro de R$ 300 milhões é a maior ameaça ao futuro político do casal presidencial Cristina e Néstor Kirchner.
Posicionado nas pesquisas como principal rival do governo na Província de Buenos Aires, maior colégio eleitoral do país (37% dos votos), o empresário e deputado federal De Narváez, 55, é um novato que se instalou na política pela força do dinheiro, que o ajuda a bancar uma azeitada e profissional máquina de comunicação.
O pleito troca metade da Câmara e um terço do Senado. De Narváez encabeça a lista da Unión-PRO, aliança de centro-direita entre dissidentes do PJ (Partido Justicialista, do governo) e o PRO, do prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri.
O voto legislativo na Argentina é em partidos ou alianças, que apresentam listas de candidatos. Para manter maioria no Congresso, o governo joga suas forças na Província, com candidaturas de seus principais líderes políticos: o ex-presidente Kirchner e seu ex-vice e atual governador, Daniel Scioli.
Nascido em Bogotá, De Narváez emigrou aos três anos para a Argentina, onde o avô fez fortuna com os supermercados Casa Tía. Começou na empresa aos 17. Aos 27 já assumia a direção, sem ir à universidade.
Vendeu a rede em 1999 por US$ 638 milhões. Usou seus 25% do bolo para ingressar na política. Criou uma fundação de 200 técnicos e afiliou-se ao peronismo. As adesões políticas de De Narváez são variadas. Foi eleito deputado em 2005, em lista patrocinada pelo ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003). Flertou com Kirchner e, em 2007, já aliado a Macri, ficou em terceiro na disputa pelo governo bonaerense.
Governar a Província mais importante da Argentina é o objetivo declarado de De Narváez, fora do páreo presidencial por ter nascido no exterior. "Há algo novo na política: você", é um de seus slogans.
A propaganda é a arma de De Narváez. Dono de meios de comunicação, promove campanha maciça em TV e em vias públicas. "Essa campanha custa muita grana, mas é toda minha", disse uma vez.
"O núcleo de eleitores de De Narváez está na classe média e média alta da Grande Buenos Aires que quer mão dura, outro perfil de condução. O resto são peronistas desencantados com o kirchnerismo", diz o analista Roberto Bacman.


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