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OPINIÃO ATAQUE AO MAVI MARMARA
Israel não tinha outra escolha a não ser parar navio
Sob as circunstâncias, ação não foi
nem estúpida nem malfeita; repeliu
com sucesso um ataque às
fronteiras
QUE ISRAEL TENHA PERDIDO BATALHA DA OPINIÃO PÚBLICA É
DESASTROSO. MAIS INCÔMODO É QUE ELA TENHA SIDO PERDIDA
ANTES DE FATOS SEREM ESCLARECIDOS
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CHRISTOPHER CALDWELL
DO "FINANCIAL TIMES"
"Malfeito" e "estúpido"
são os adjetivos que foram
aplicados aos eventos da segunda-feira passada, quando soldados israelenses mataram nove passageiros e feriram inúmeros mais no navio turco Mavi Marmara.
A frota Gaza Livre, patrocinada por uma organização
de caridade turca com laços
com o radicalismo islâmico,
tinha um objetivo humanitário: levar ajuda a Gaza. Mas
como admitiram os líderes
da frota, igualmente tinha
um objetivo militar: quebrar
o bloqueio a Gaza imposto
por Israel em 2007.
Quando os participantes
em um conflito borram a linha entre civis e combatentes, as boas opções desaparecem. Sob as circunstâncias, a
ação não foi nem estúpida
nem malfeita. Repeliu com
sucesso um ataque às fronteiras de Israel, embora a
custo consideravelmente
mais elevado do que Israel
desejaria.
Há um bloqueio a Gaza
porque o Hamas, o partido islâmico que governa o território, quer Israel destruído.
Nos últimos anos, foram lançados milhares de foguetes
em cidades no sul israelense.
Pode-se discutir se o isolamento do Hamas é sábio, razoável, proporcional ou eficaz. Mas é outra questão se
Israel tem o direito de reforçar um bloqueio numa zona
de guerra.
As críticas ruidosas à ação
israelense tendem a misturar
os dois aspectos acima para
dizer que porque a) o bloqueio israelense de Gaza é injusto, e b) os passageiros da
frota se opõem ao bloqueio,
consequentemente, c) no encontro entre Israel e os passageiros, Israel está errado, e os
passageiros, certos.
Este é um ponto de vista
ilógico e um modelo para a
escalada da violência. Imagine o perigo se, na Guerra
Fria, as organizações não governamentais do bloco soviético tivessem navegado pequenas frotas em águas dos
EUA para protestar sobre o
conflito racial americano.
Israel forneceu a evidência
de que seus soldados estavam em perigo mortal quando chegaram ao Mavi Marmara -as imagens em vídeo
de alta qualidade, que foram
liberadas em horas. O governo mostrou que os passageiros trouxeram máscaras de
gás e tinham pré-fabricado
vídeos de propaganda.
O jornal "The Guardian"
relata que três dos turcos
mortos procuravam o "martírio" com a operação. Diversas fontes relatam ligações
próximas entre o IHH, patrocinador da frota, e o Hamas.
SEM OPÇÕES
Mas as intenções daqueles
no barco -se humanitárias,
como disseram (publicamente) os organizadores, ou terroristas, como dizem os israelenses- não têm nada a
ver com a justiça ou a injustiça da ação. Proteger fronteiras diz respeito à soberania,
não a sentimento.
A intenção explícita dos
ativistas em violar o bloqueio
israelense torna quase certamente a posição precisa do
barco menos importante.
A insistência, mesmo entre os aliados israelenses, na
visão de que Israel se comportou de modo estúpido
apoia-se na ideia de que havia outras opções. O jornalista americano Thomas Friedman e o escritor israelense
David Grossman criticaram
líderes de Israel por não
atuar mais "criativamente".
Israel foi responsabilizado
pelas ações de outros -particularmente, para a deterioração em seu relacionamento
com a Turquia. Este ponto de
vista é promovido cinicamente por Suat Kiniklioglu,
um porta-voz do partido turco AK, que diz que o incidente "danificou irrevogavelmente as relações turco-israelenses em nível bilateral".
A deterioração das relações turco-israelenses ocorre
desde que o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, trouxe o
partido AK para o poder com
a plataforma de tornar o país
mais islâmico.
Não se pode reaver as boas
graças do mundo muçulmano com atitude confiante, ou
neutra, em relação a Israel. A
hostilidade crescente da Turquia em relação a Israel é
uma causa, não uma consequência, do incidente do Mavi Marmara.
A coisa mais alarmante da
semana passada não foi o
ataque. Foi a maneira como a
opinião na internet ecoou a
opinião dos ativistas e as opiniões de elites políticas e jornalísticas seguiram essa
mesma linha.
Que Israel tenha perdido a
batalha da opinião pública é
desatroso. Mais incômodo é
que essa batalha tenha sido
perdida antes que os fatos estejam esclarecidos.
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