São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2011

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Alemanha é criticada por idas e vindas sobre surto

Após culpar e inocentar pepino, governo faz o mesmo com broto de feijão

Origem da bactéria que já deixou 22 mortos permanece sendo um mistério para as autoridades de saúde

CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM

O governo alemão passou a ser alvo de críticas depois de uma nova suspeita sobre o possível ponto de partida do surto infeccioso de Escherichia coli (E.coli) ter sido ontem derrubada.
Oposição, imprensa e círculos médicos classificam como inepto e desastrado o manejo da crise por parte do governo da chanceler (premiê) Angela Merkel. Dizem que há muita gente opinando demais e que a população já não sabe em quem confiar.
"Mais perigoso do que a bactéria é o fato de ninguém conseguir orientar a população sobre ela", comentou ontem o diário "Die Zeit".
"O que resta ao consumidor é a incerteza. O que nunca se pode comer? Em quem confiar? Falta uma voz unificada na proteção à saúde alemã", acrescentou o texto.
As críticas já ocorriam desde a semana passada, mas se intensificaram ontem, depois que um laboratório descartou que várias amostras de brotos de feijão e de outros legumes produzidos numa fazenda de produtos orgânicos nas proximidades de Hamburgo tivessem sido contaminados pela bactéria.
Essa versão havia sido divulgada no fim de semana pelo governo do Estado da Baixa Saxônia, antes da realização de testes.
As autoridades locais determinaram o fechamento da fazenda Gartenhöf, fizeram um recall de todos os seus produtos e soltaram um alerta para que os alemães não comessem mais brotos.
É a segunda vez que as autoridades alemãs metem os pés pelas mãos na determinação da fonte do surto.
Na primeira versão, logo no início da infecção, os culpados eram pepinos vindos da Espanha. Exames laboratoriais derrubaram a suspeita e abriram uma crise com o governo da Espanha, que agora pede compensação pelos danos econômicos.
Hoje, em Luxemburgo, uma reunião emergencial de ministros da Agricultura europeus deve debater possíveis compensações a produtores agrícolas.

BUSCA DIFÍCIL
As autoridades defendem, porém, as medidas até agora adotadas. "A procura da causa de um surto é muito difícil, especialmente quando já passou muito tempo desde seu início", disse nota da secretaria de Agricultura da Baixa Saxônia.
"É lamentável ver secretários regionais falando sobre resultados", rebateu Stefan Etgeton, um dos diretores do serviço de proteção ao consumidor. "Quem devia fazer isso é o Instituto Roberto Koch [vigilância sanitária]."
O ministro da Saúde, Daniel Bahr, advertiu contra conclusões precipitadas.
O surto é provocado por uma variedade supertóxica de E.coli que já matou 22 pessoas e deixou mais de 2.300 doentes em 12 países.
O governo brasileiro ainda não vê a necessidade de tomar nenhuma medida restritiva. A Anvisa orienta aos viajantes que estejam indo para a Alemanha que evitem consumir vegetais crus.

Colaborou a Sucursal de Brasília


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