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ELEIÇÕES NOS EUA
Virtual candidato democrata terá político pouco experiente, mas carismático e eloqüente, em sua chapa
Kerry escolhe senador sulista para vice
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O virtual candidato democrata à
Presidência dos EUA, John Kerry,
anunciou ontem a escolha do senador John Edwards, 51, da Carolina do Norte, para ser o candidato a vice-presidente de sua chapa.
Edwards disputou as primárias
do Partido Democrata e perdeu
para Kerry. Ele traz equilíbrio
geográfico para a chapa por ser de
um Estado do sul -mais conservador-, onde George W. Bush
tem se saído bem nas pesquisas.
Kerry é de Massachusetts, Estado
de uma das regiões mais progressistas do país -nordeste.
Mas analistas ouvidos pela Folha afirmam que a principal contribuição de Edwards está no estilo político -o sulista tem mais
carisma, afirmam. Kerry classificou seu parceiro na disputa de
uma pessoa "com coragem, determinação e talento político".
"Tenho o prazer de anunciar
que, com a ajuda de vocês [eleitores], o próximo vice-presidente
dos EUA será o senador John Edwards, da Carolina do Norte", declarou, em Pittsburgh, ao mesmo
tempo em que um cartaz era levantado na platéia: "Kerry e Edwards. Uma América mais forte".
O candidato democrata disse
que o advogado (ficou rico exercendo a profissão) Edwards era
um defensor da classe média e
"daqueles que estão lutando para
fazer parte da classe média".
Edwards fez uma campanha nas
primárias do Partido Democrata
classificada por muitos analistas
de "populista", pois concentrou
suas propostas na recuperação
econômica dos trabalhadores e
fez referências a "duas Américas"
-um país dividido entre os mais
ricos e os mais pobres.
Edwards disse ter aceitado humildemente o convite e estar entusiasmado. Ele se encontraria
com Kerry ontem à noite, e os
dois devem ir juntos a Ohio -um
dos mais importantes Estados na
campanha deste ano- hoje.
Bush saudou a entrada de Edwards na campanha: "O vice-presidente [Dick Cheney] ligou para
ele hoje pela manhã para dizer
que era bem-vindo à campanha, e
eu também digo isso. Anseio por
uma boa e animada disputa".
Kerry manteve a escolha em segredo até o último minuto. Na
quinta-feira passada, encontrou-se com Edwards em Washington.
Só na noite de segunda-feira, ele
anunciou a seus assessores mais
próximos sua decisão.
Mary Beth Cahill, da cúpula do
comitê de campanha democrata,
disse que o número inicial de possíveis candidatos a vice chegava a
25. Às 7h30 de hoje, Kerry ligou
para Edwards, em Washington,
para formalizar o convite.
Kerry e Edwards votaram a favor da Guerra do Iraque, mas não
tiveram uma posição comum em
relação ao acordo de livre comércio com o México e o Canadá
-Kerry votou a favor, e seu agora
companheiro de chapa, contra. O
virtual candidato democrata é
contrário à pena de morte, enquanto Edwards apóia a medida.
Para Nancy Roman, chefe do escritório de Washington do Council on Foreign Relations, tradicional centro de estudos americano,
Edwards tem a seu favor o dom da
palavra e certo apelo popular.
"Kerry não tem nenhum carisma", diz. Mas Edwards teria
"pontuação baixa" para substituir
Kerry. "Ele ainda não completou
nem o primeiro mandato como
senador e é uma das pessoas menos qualificadas em temas de política internacional", diz Roman.
Ela e Graham Dodds, do Instituto Brookings, acham difícil que
Edwards consiga fazer diferença
nas eleições no sul do país. Ambos
chegam a dizer que nem mesmo
em seu Estado, a Carolina do Norte, Kerry deve sair vencedor
-Bush venceu lá em 2000.
Mas a importância da escolha
do vice para o pleito é minimizada
pelos analistas. "No final das contas, as pessoas votam é no presidente", diz Roman.
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