São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

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CÚPULA

Governantes tentavam chegar a acordo sobre a proposta de aumentar a ajuda à África; Bush não cede em tema ambiental

G8 começa sem consenso entre os líderes

ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A GLENEAGLES

Líderes do G8 -grupo que reúne os sete países mais industrializados mais a Rússia- corriam contra o relógio ontem, primeiro dia de sua reunião anual, para tentar chegar a consenso sobre os dois polêmicos pontos de sua agenda: África e meio ambiente.
Mostrando um avanço em relação ao segundo tema, o presidente dos EUA, George W. Bush, reconheceu com mais ênfase que atividades humanas e, especificamente, as emissões de gás carbônico contribuem para o aquecimento global. "Reconheço que a superfície da Terra está mais quente e que um aumento da emissão de gás carbônico causado por humanos está contribuindo para o problema", disse Bush, a caminho de Gleneagles, em curta visita à Dinamarca.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, foi outro que tentou sinalizar avanços, ao anunciar que aumentará de 700 milhões para 1 bilhão a ajuda destinada anualmente para países pobres investirem em competitividade comercial.
Mas esses passos pareciam longe de indicar ontem que um acordo final entre os oito países havia sido atingido. O próprio Bush voltou a repudiar qualquer compromisso em relação ao ambiente que fosse parecido ao Protocolo de Kyoto e, no que concerne à África, fez a ressalva de que um grande aumento da ajuda à região em pouco tempo corre o risco de ser contraproducente.
Segundo a mídia britânica, o G8 avançou bastante no que refere à ajuda ao continente africano e ao perdão das dívidas dos países da região, mas ainda engatinhava em ambiente e comércio -uma das propostas britânicas é a adoção de cronograma para que barreiras comerciais sejam derrubadas.
Os impasses que ainda prevaleciam eram considerados históricos, já que os representantes do G8 costumam ter seu comunicado final pronto dias antes de iniciada a reunião. Mas, segundo analistas, a demora é compreensível porque a agenda é ambiciosa. Blair disse à imprensa britânica que "empurrará (os líderes do G8) até o fim".
"Você sempre consegue tudo o que quer em negociações como essa? Não. Mas podemos fazer progressos substanciais, podemos mudar os termos do debate na África? Sim, podemos."
O otimismo que o premiê britânico e outros líderes se esforçavam para mostrar ontem não era totalmente compartilhado pelos ativistas políticos e celebridades que pressionam por mudanças mais significativas.
Depois de organizar os concertos do Live8, o músico e ativista irlandês Bob Geldof roubou a cena em Gleneagles ontem. Participou de duas coletivas de imprensa. Uma ao lado de Blair e, mais tarde, outra concorrida entrevista com Bono, vocalista do U2, o ator George Clooney, e Matt Phillips, um dos organizadores da campanha "Make Poverty History".
Segundo os ativistas, o G8, até ontem à noite, não tinha conseguido atender toda a proposta do Reino Unido, que coincide com suas próprias bandeiras. Segundo eles, o aumento da ajuda anual para países pobres de US$ 25 bilhões para US$ 50 bilhões ainda não estava garantida. Mas Geldof ressaltou que o clima entre os líderes era de tensão, no sentido de buscar um avanço na questão.


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