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CÚPULA
Governantes tentavam chegar a acordo sobre a proposta de aumentar a ajuda à África; Bush não cede em tema ambiental
G8 começa sem consenso entre os líderes
ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A GLENEAGLES
Líderes do G8 -grupo que reúne os sete países mais industrializados mais a Rússia- corriam
contra o relógio ontem, primeiro
dia de sua reunião anual, para
tentar chegar a consenso sobre os
dois polêmicos pontos de sua
agenda: África e meio ambiente.
Mostrando um avanço em relação ao segundo tema, o presidente dos EUA, George W. Bush, reconheceu com mais ênfase que
atividades humanas e, especificamente, as emissões de gás carbônico contribuem para o aquecimento global. "Reconheço que a
superfície da Terra está mais
quente e que um aumento da
emissão de gás carbônico causado
por humanos está contribuindo
para o problema", disse Bush, a
caminho de Gleneagles, em curta
visita à Dinamarca.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, foi outro que tentou sinalizar
avanços, ao anunciar que aumentará de 700 milhões para 1 bilhão a ajuda destinada anualmente para países pobres investirem
em competitividade comercial.
Mas esses passos pareciam longe de indicar ontem que um acordo final entre os oito países havia
sido atingido. O próprio Bush voltou a repudiar qualquer compromisso em relação ao ambiente
que fosse parecido ao Protocolo
de Kyoto e, no que concerne à
África, fez a ressalva de que um
grande aumento da ajuda à região
em pouco tempo corre o risco de
ser contraproducente.
Segundo a mídia britânica, o G8
avançou bastante no que refere à
ajuda ao continente africano e ao
perdão das dívidas dos países da
região, mas ainda engatinhava em
ambiente e comércio -uma das
propostas britânicas é a adoção de
cronograma para que barreiras
comerciais sejam derrubadas.
Os impasses que ainda prevaleciam eram considerados históricos, já que os representantes do
G8 costumam ter seu comunicado final pronto dias antes de iniciada a reunião. Mas, segundo
analistas, a demora é compreensível porque a agenda é ambiciosa.
Blair disse à imprensa britânica
que "empurrará (os líderes do
G8) até o fim".
"Você sempre consegue tudo o
que quer em negociações como
essa? Não. Mas podemos fazer
progressos substanciais, podemos mudar os termos do debate
na África? Sim, podemos."
O otimismo que o premiê britânico e outros líderes se esforçavam para mostrar ontem não era
totalmente compartilhado pelos
ativistas políticos e celebridades
que pressionam por mudanças
mais significativas.
Depois de organizar os concertos do Live8, o músico e ativista irlandês Bob Geldof roubou a cena
em Gleneagles ontem. Participou
de duas coletivas de imprensa.
Uma ao lado de Blair e, mais tarde, outra concorrida entrevista
com Bono, vocalista do U2, o ator
George Clooney, e Matt Phillips,
um dos organizadores da campanha "Make Poverty History".
Segundo os ativistas, o G8, até
ontem à noite, não tinha conseguido atender toda a proposta do
Reino Unido, que coincide com
suas próprias bandeiras. Segundo
eles, o aumento da ajuda anual
para países pobres de US$ 25 bilhões para US$ 50 bilhões ainda
não estava garantida. Mas Geldof
ressaltou que o clima entre os líderes era de tensão, no sentido de
buscar um avanço na questão.
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