São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

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CONE SUL

Congresso paraguaio aprova ingresso de tropas americanas com imunidade

EUA e Paraguai negam base militar

CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO

Os EUA e o Paraguai negaram ontem informações, divulgadas nos últimos dias por vários jornais latino-americanos, sobre a instalação de uma base militar americana permanente em território paraguaio.
"Não há uma base americana permanente no Paraguai nem há planos de criar uma", disse à Folha o sargento Jose Ruiz, superintendente de comunicação do Comando Sul dos EUA. "O que temos com o Paraguai é um acordo que prevê treinamento conjunto com as forças paraguaias, a exemplo do que temos com outros países da região, como a Bolívia e o Brasil", afirmou.
O embaixador do Paraguai no Brasil, Luis González, disse que a construção da base é uma especulação e nunca foi autorizada por seu governo. "Não há conversas nesse sentido", disse à Folha.
Segundo González, o equívoco teve origem na aprovação, pelo Congresso paraguaio, do ingresso de tropas americanas como parte de programas de treinamento e ações conjuntas de paz.
Os militares entrarão no Paraguai com status diplomático - o que lhes garante imunidade, conforme a Convenção de Viena. Caso venham a cometer delitos e faltas graves, não poderão ser julgados pela Justiça paraguaia.
O mesmo tratamento, disse Gonzáles, é dispensado a todos os militares estrangeiros, inclusive os brasileiros, que estejam no Paraguai em missões semelhantes.
"São operações de manutenção de paz junto com o Exército paraguaio, com ações sociais como a construção de poços artesanais e atenção médica, além de controle do tráfico de drogas", afirmou.
A suposta base seria instalada perto de Mariscal Estigarribia, na região do Chaco paraguaio, a 250 km da fronteira com a Bolívia e próximo da Tríplice Fronteira, possibilitando a aterrissagem de aviões militares e armamento pesado. As reportagens chegaram a afirmar que 400 marines já estariam na base, com capacidade para abrigar até 16 mil militares.
O objetivo, além do combate ao narcotráfico, seria controlar as reservas de hidrocarbonetos da Bolívia. Alarmado, o Congresso boliviano anunciou a criação de uma comissão para investigar o caso.
Hoje, os EUA mantêm na América Latina as bases permanentes de Guantánamo (Cuba) e Soto Cano (Honduras), além de bases "de segurança compartilhada" em Manta (Equador), Comalapa (El Salvador) e Aruba e Curaçao.


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