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ANÁLISE
Um passo à frente, mas resta um longo caminho
RUPERT CORNWELL
DO "INDEPENDENT"
Quase todas as conferências
de cúpula bem preparadas produzem "surpresas". A conferência "estaca zero" entre EUA
e Rússia produziu acordos já
antes aguardados, sob os quais
Washington terá autorização
para usar o espaço aéreo russo
para transporte militar ao Afeganistão. E ambos reduzirão
seus arsenais nucleares para
1.500 ogivas cada um até 2016.
Menos esperada foi a intenção declarada pelo presidente
Barack Obama de convocar para 2010 uma conferência de cúpula sobre segurança nuclear
cujo objetivo será combater a
proliferação, enquanto Moscou
organizará um segundo evento
sobre o tema posteriormente.
A decisão permite não apenas que se discuta a proliferação das armas nucleares, talvez
a maior ameaça à estabilidade
mundial, mas deixa implícito o
reconhecimento pelos EUA da
importância da Rússia, peça-chave para qualquer melhora
no relacionamento bilateral.
Mas resta o dilema entre o
presidente Dmitri Medvedev e
o premiê, e ex-presidente, Vladimir Putin: qual deles detém a
última palavra no processo decisório do Kremlin? Ao alegar
que qualquer decisão será a do
governo russo como um todo,
Obama contornou a questão.
Medvedev pareceu menos
autoritário em questões internas e mais conciliatório nas externas. Mas Putin continua a
ser o político mais popular da
Rússia, graças à linha inflexível
em relação aos EUA e à insistência em que a antiga superpotência volte a ser respeitada.
Quanto ao tão alardeado "recomeço", os acontecimentos
demonstrarão se isso é mais
que uma simples expressão de
otimismo de parte dos EUA.
Resta, porém, uma fenda ainda aberta: uma revisão interna
dos EUA quanto à capacidade
do sistema antimísseis no Leste Europeu para cumprir de fato seu objetivo, o de lidar com
"um míssil ocasional vindo de
uma terceira fonte" (ou seja, o
Irã ou Coreia do Norte).
Caso o escudo antimísseis
fracasse no teste, um acordo
poderia ser possível. Mas Obama não cederá terreno em troca de nada nessa nova rodada
de negociações nucleares.
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