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Em queda, aprovação a Obama vai a 50% nos EUA
Desemprego e propostas para a saúde prejudicaram a imagem do democrata
Em abril, a popularidade do presidente encostava em 58%; em julho, índices ficaram piores do que os de Bush em época semelhante
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Aos 200 dias de governo, a
popularidade do presidente
dos EUA, Barack Obama, perdeu fôlego. Pesquisas divulgadas ontem mostram que o nível
de aprovação ao presidente está em queda, afetado pelo desempenho da economia americana e pela proposta de reforma do sistema de saúde.
Segundo sondagem do instituto Quinnipiac, 50% dos americanos aprovam Obama, o menor patamar desde a posse. No
final de abril, quando tinha cem
dias no governo, a aprovação
era de 58%. "A boa notícia para
o presidente é que os americanos ainda o veem como uma
opção melhor para lidar com a
economia e com a reforma do
sistema de saúde do que os republicanos no Congresso. A má
é que as margens estão caindo",
afirma Peter Brown, diretor do
Quinnipiac.
A pesquisa mostra que a
agenda de Obama pode estar
em risco: 49% dos entrevistados reprovam a maneira como
ele conduz a economia; 52%
condenam a proposta da reforma do sistema de saúde; e 36%
creem que sua situação financeira poderá ser prejudicada
pelas políticas do presidente.
Estudo divulgado pela CNN
confirma a tendência. De junho
a agosto a popularidade do presidente caiu cinco pontos e foi a
56%. Para Thomas Patterson,
analista de governo e mídia da
Universidade Harvard, a lua de
mel com o governo Obama está
perto do fim.
"Quando Obama assumiu, a
economia era um problema de
[George W.] Bush; agora, as
pessoas cobram dele a solução", disse à Folha.
Na avaliação de William
Galston, do Instituto Brookings, a tendência é que a popularidade de Obama continue
em baixa nos próximos meses
em razão da perspectiva de aumento do desemprego.
"É quase uma lei neste país:
quando o desemprego sobe, a
popularidade do presidente
cai. A economia ainda não está
estabilizada", afirmou à Folha.
Tema espinhoso
A reforma do sistema de saúde, assunto que Obama adotou
como prioridade, foi responsável no passado pela queda na
popularidade de Bill Clinton
(1993-2001), que não conseguiu aprovar as mudanças.
"Esse sempre foi um tema espinhoso, que divide os americanos, e não há como ganhar popularidade com isso. A única
esperança que ele pode ter é
conseguir aprovar a reforma
sem que sua imagem sofra muitos danos e torcer para que no
longo prazo as pessoas reconheçam os benefícios", afirmou Patterson.
O professor explica que tradicionalmente os primeiros
meses do primeiro ano de governo são os momentos de
maior popularidade dos presidentes. Depois, os números só
voltam a subir devido a fatores
específicos, como o 11 de Setembro no caso de Bush.
Outra pesquisa, do instituto
Gallup, mostra que Obama está
apenas um ponto percentual à
frente de Bush na mesma época
de avaliação. De 31 de julho a 2
de agosto, Obama tinha 56% de
popularidade, contra 55% de
Bush no período de 3 a 5 de
agosto de 2001. No fim de julho,
o presidente chegou a ter resultados abaixo dos de Bush.
O episódio da prisão do professor de Harvard Henry Louis
Gates Jr. também teve efeito
negativo para Obama. O presidente afirmou em entrevista
que a polícia agiu de forma "estúpida" ao prender o professor
quando ele tentava entrar em
sua própria casa -depois se
desculpou e chamou os envolvidos no caso para um encontro
na Casa Branca.
Para 62% dos entrevistados,
Obama não deveria ter comentado o caso, e para 49%, o presidente agiu de forma "estúpida".
Apesar disso, a maioria dos
americanos (55%) aprova a maneira como ele tem conduzido
as questões raciais.
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