São Paulo, sexta-feira, 07 de agosto de 2009

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Em queda, aprovação a Obama vai a 50% nos EUA

Desemprego e propostas para a saúde prejudicaram a imagem do democrata

Em abril, a popularidade do presidente encostava em 58%; em julho, índices ficaram piores do que os de Bush em época semelhante


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Aos 200 dias de governo, a popularidade do presidente dos EUA, Barack Obama, perdeu fôlego. Pesquisas divulgadas ontem mostram que o nível de aprovação ao presidente está em queda, afetado pelo desempenho da economia americana e pela proposta de reforma do sistema de saúde.
Segundo sondagem do instituto Quinnipiac, 50% dos americanos aprovam Obama, o menor patamar desde a posse. No final de abril, quando tinha cem dias no governo, a aprovação era de 58%. "A boa notícia para o presidente é que os americanos ainda o veem como uma opção melhor para lidar com a economia e com a reforma do sistema de saúde do que os republicanos no Congresso. A má é que as margens estão caindo", afirma Peter Brown, diretor do Quinnipiac.
A pesquisa mostra que a agenda de Obama pode estar em risco: 49% dos entrevistados reprovam a maneira como ele conduz a economia; 52% condenam a proposta da reforma do sistema de saúde; e 36% creem que sua situação financeira poderá ser prejudicada pelas políticas do presidente.
Estudo divulgado pela CNN confirma a tendência. De junho a agosto a popularidade do presidente caiu cinco pontos e foi a 56%. Para Thomas Patterson, analista de governo e mídia da Universidade Harvard, a lua de mel com o governo Obama está perto do fim.
"Quando Obama assumiu, a economia era um problema de [George W.] Bush; agora, as pessoas cobram dele a solução", disse à Folha.
Na avaliação de William Galston, do Instituto Brookings, a tendência é que a popularidade de Obama continue em baixa nos próximos meses em razão da perspectiva de aumento do desemprego.
"É quase uma lei neste país: quando o desemprego sobe, a popularidade do presidente cai. A economia ainda não está estabilizada", afirmou à Folha.

Tema espinhoso
A reforma do sistema de saúde, assunto que Obama adotou como prioridade, foi responsável no passado pela queda na popularidade de Bill Clinton (1993-2001), que não conseguiu aprovar as mudanças.
"Esse sempre foi um tema espinhoso, que divide os americanos, e não há como ganhar popularidade com isso. A única esperança que ele pode ter é conseguir aprovar a reforma sem que sua imagem sofra muitos danos e torcer para que no longo prazo as pessoas reconheçam os benefícios", afirmou Patterson.
O professor explica que tradicionalmente os primeiros meses do primeiro ano de governo são os momentos de maior popularidade dos presidentes. Depois, os números só voltam a subir devido a fatores específicos, como o 11 de Setembro no caso de Bush.
Outra pesquisa, do instituto Gallup, mostra que Obama está apenas um ponto percentual à frente de Bush na mesma época de avaliação. De 31 de julho a 2 de agosto, Obama tinha 56% de popularidade, contra 55% de Bush no período de 3 a 5 de agosto de 2001. No fim de julho, o presidente chegou a ter resultados abaixo dos de Bush.
O episódio da prisão do professor de Harvard Henry Louis Gates Jr. também teve efeito negativo para Obama. O presidente afirmou em entrevista que a polícia agiu de forma "estúpida" ao prender o professor quando ele tentava entrar em sua própria casa -depois se desculpou e chamou os envolvidos no caso para um encontro na Casa Branca.
Para 62% dos entrevistados, Obama não deveria ter comentado o caso, e para 49%, o presidente agiu de forma "estúpida". Apesar disso, a maioria dos americanos (55%) aprova a maneira como ele tem conduzido as questões raciais.


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