São Paulo, sábado, 07 de setembro de 2002

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GUERRA À VISTA

Presidentes de França, Rússia e China fizeram objeções a um possível ataque para derrubar Saddam Hussein

Bush intensifica consultas sobre Iraque

Paul Morse/Associated Press
O presidente George W. Bush conversa ao telefone no Salão Oval da Casa Branca, em foto divulgada ontem por sua assessoria


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, manteve contatos ontem com os presidentes de França, Rússia e China para tentar convencê-los sobre seu objetivo de derrubar o ditador iraquiano, Saddam Hussein.
Os EUA acusam o Iraque de desenvolver armas de destruição em massa e de colaborar com grupos terroristas. O Iraque nega.
Os três líderes com quem Bush conversou por telefone ontem -Jacques Chirac (França), Vladimir Putin (Rússia) e Jiang Zemin (China)- fizeram objeções a uma possível ação militar dos EUA contra o Iraque, alegando que ela poderia provocar instabilidade em toda a região.
Os três países, com os EUA e o Reino Unido, são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com poder de veto sobre suas resoluções. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, apóia uma eventual ação militar dos EUA. Ele deve se encontrar hoje com Bush, nos EUA.
O presidente americano deve expor seus argumentos contra o Iraque à ONU na próxima quinta-feira. Ele deseja uma aprovação da organização para uma eventual ação militar americana.
"O presidente disse aos líderes estrangeiros que ele preza suas opiniões. Ele frisou que Saddam Hussein é uma ameaça e que nós necessitamos trabalhar em conjunto para deixar o mundo mais pacífico", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
Internamente, Bush espera conseguir do Congresso uma aprovação rápida para o eventual uso da força contra o Iraque, mas líderes no Congresso disseram ontem que Bush deve apresentar mais provas contra o Iraque para que eles possam discutir o assunto.

Consultas
Segundo a Casa Branca, os telefonemas de Bush ontem são o início de um processo de consulta a aliados sobre "como acabar com a ameaça representada por Saddam Hussein e sua cruel aquisição de armas de destruição em massa".
Apesar dos esforços, o governo russo disse não estar convencido sobre os argumentos americanos. Em contato telefônico com Tony Blair, o presidente Vladimir Putin disse ter "sérias dúvidas de que há razão para o uso da força contra o Iraque", segundo a agência de notícias russa RIA.
Putin disse a Blair que o uso da força contra o Iraque poderia ter "consequências sérias e negativas para a situação na região do golfo Pérsico, no Oriente Médio e para o futuro da coalizão antiterror liderada pelos EUA".
A porta-voz do governo francês Catherine Colonna disse que Chirac repetiu a Bush a posição que vinha mantendo há tempos -de que qualquer ação militar contra Bagdá deve ser decidida pelo Conselho de Segurança da ONU.
"Se o Iraque continuar recusando a entrada de inspetores de armas, então o Conselho de Segurança deve tomar as medidas apropriadas", disse Chirac, segundo a porta-voz. As inspeções da ONU para armas químicas, biológicas e nucleares, determinadas após o fim da Guerra do Golfo (1991), foram suspensas em 1998, após o Iraque acusar os inspetores de espionar para os EUA.

Idéias
Bush afirmou ontem que apresentará algumas idéias de como lidar com Saddam Hussein quando fizer seu pronunciamento na ONU, na semana que vem.
Uma das idéias consideradas pelo governo americano é impor "inspeções forçadas" no Iraque, com tropas estrangeiras garantindo sua segurança, para verificar possíveis locais de desenvolvimento de armas de destruição em massa. Especula-se que Bush poderia propor um ultimato para que o Iraque permita o retorno das inspeções da ONU ou enfrente um ataque militar.
Especialistas da ONU disseram ontem ter detectado, por meio de fotos por satélite, novas construções em locais ligados no passado com o desenvolvimento de armas nucleares pelo Iraque.
Porém eles disseram não poder tirar nenhuma conclusão significativa sobre as mudanças nesses locais sem que os inspetores de armas da ONU pudessem verificar pessoalmente as construções.

Com agências internacionais

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