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11.09 UM ANO DEPOIS
Prefeito atual e seu antecessor discordam sobre destino de terreno em Nova York
Bloomberg e Giuliani trocam farpas sobre WTC
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A "família nova-iorquina" está
menos unida do que faz pensar o
discurso oficial. A menos de uma
semana do aniversário de um ano
do ataque de 11 de setembro, o ex-prefeito de Nova York Rudolph
Giuliani e o atual ocupante do cargo, Michael Bloomberg, trocam
farpas em público.
O motivo da discussão entre os
companheiros do Partido Republicano é o mesmo que vem mobilizando a opinião pública da cidade desde praticamente o dia 12
de setembro passado: o que fazer
do buraco de 65 mil metros quadrados que virou o terreno onde
antes ficava o complexo de prédios do World Trade Center.
Em artigo publicado na última
edição da revista "Time", Giuliani
afirma com todas as letras: "Se dependesse apenas de mim, eu dedicaria toda a superfície de 64,75
km2 para a construção (de um)
monumento". A visão choca-se
com a defendida por Bloomberg,
que pede um memorial discreto e
muitos escritórios.
Na última quarta-feira, o prefeito da cidade se encontrou com a
imprensa estrangeira para uma
entrevista. Leia abaixo os principais pontos abordados, incluindo
a polêmica com Giuliani:
Pergunta - Rudolph Giuliani diz
que a melhor opção para o Ponto
Zero é transformá-lo inteiro em um
memorial. O que o sr. acha disso?
Michael Bloomberg - Giuliani
tem essa posição desde o primeiro
dia, mas eu não concordo. A necessidade das pessoas que sofreram perda de parentes ou amigos
requer que façamos alguma coisa
diferente, e acredito que o melhor
memorial que podemos fazer é
construir um mundo melhor.
É claro que faremos um monumento e espero que, daqui algumas décadas, as próximas gerações possam olhar para ele e dizer:
"Eu me lembro dos que morreram e entendo por que eles morreram". Isso é o que um memorial
deve fazer, mas ainda não sei dizer como ele será.
Pergunta - O sr. já tem os números definitivos dos mortos?
Bloomberg - Da última vez que
vi, eram cerca de 2.800, mas,
quando se trata de um número
grande de pessoas, é difícil chegar
a algo definitivo. Esse número
muda e provavelmente vai continuar mudando. O maior sonho
que poderíamos ter é encontrar
algumas das pessoas que estão
sendo dadas como mortas morando em algum outro lugar do
mundo.
Ninguém espera que o número
seja certo, mas, sim, que seja exagerado. Por isso estamos investigando cada caso particular, estamos trabalhando muito com ajuda da tecnologia mais moderna
para tentar identificar todos os
corpos. Até termos feito isso, esse
trabalho não vai parar. Vai chegar
um ponto em que a tecnologia
disponível não conseguirá fazer
mais nada, mas esperamos que
uma hora dessas um cientista
apareça com algum jeito mais eficaz de fazer essa identificação.
Pergunta - Não há previsão de
políticos fazendo discursos no dia
11. Isso foi proposital?
Bloomberg - Foi uma decisão
minha. Achei que as famílias não
iriam gostar de ver esse evento
transformado em um ato político.
Os escritores de discurso discordam de mim porque não conseguiram emplacar seu trabalho,
mas acho que, fora eles, todos
concordam com a minha decisão.
Pergunta - O sr. não teme um novo ataque à cidade?
Bloomberg - As forças de segurança e de inteligência estão trabalhando bem o suficiente para
ter certeza de que essas tragédias nunca mais aconteçam. A maioria das pessoas deveria se concentrar no dia-a-dia de suas próprias vidas. As pessoas morrem porque não usam cinto de segurança, porque bebem demais.
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