São Paulo, sábado, 07 de setembro de 2002

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TERROR

Karzai acusa Al Qaeda e Taleban e diz que seu governo não corre perigo

Afeganistão detém 7 por atentados

DA REDAÇÃO

Autoridades afegãs interrogaram ontem ao menos sete suspeitos de participar de dois atentados anteontem, um contra o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, e outro com um carro-bomba, que matou 26 pessoas.
Karzai culpou a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, e seus aliados do Taleban pelos ataques, que intensificaram temores de uma onda de violência no primeiro aniversário dos atentados em Nova York e no Pentágono.
Mas ele afirmou que não tinha planos de tomar medidas adicionais de segurança apesar da tentativa de assassinato contra ele em Candahar, considerada o principal reduto de extremistas islâmicos no Afeganistão. "Os que planejaram [os ataques" são da Al Qaeda ou do Taleban. Eles sabiam que era o dia certo", disse Karzai em Cabul, referindo-se ao casamento de seu irmão, motivo pelo qual ele estava em Candahar.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de pedir proteção adicional, ele disse: "Não, de forma nenhuma. Já passei por isso antes. Fui atingido três vezes quando combatíamos os soviéticos".
Segundo ele, os atentados não representam uma ameaça a seu governo. "Esses incidentes não indicam nenhum problema. Foram realizados por terroristas de forma isolada. Isso significa que eles não são mais capazes de se mobilizar como grupos, então agem individualmente."
Um funcionário do governo em Candahar disse que seis homens haviam sido presos em conexão com o atentado contra Karzai.
Os seis estavam armados quando foram detidos do lado de fora da residência do governador de Candahar, Gul Agha Sherzai, depois que dois outros homens abriram fogo contra o carro de Karzai, afirmou. Três homens morreram no tiroteio que se seguiu ao ataque, incluindo os dois atiradores, segundo autoridades que também disseram que um soldado americano da equipe de seguranças de Karzai ficou ferido.
Segundo relatos iniciais, apenas um homem havia atirado.
Segundo o secretário de Ahmad Wali Karzai, irmão do presidente, "eles são afegãos de Candahar".
Em Cabul, o ministro do Interior, Taj Mohamad Wardak, disse que autoridades prenderam o motorista de um táxi que explodiu na capital pouco antes do ataque a Karzai. "As investigações estão em curso. Ele ainda não disse nada que indique que ele tenha tido qualquer ligação com as explosões", afirmou, acrescentando que a explosão havia matado 16 pessoas e ferido mais de 150.
Simon Ryan, porta-voz da força internacional de segurança em Cabul, liderada no momento pela Turquia, disse que o número oficial de mortos era de 26.
Segundo a polícia, a explosão do táxi de Cabul foi precedida por uma pequena explosão, cujo objetivo aparente era atrair pessoas para a rua onde estava o carro.
A explosão foi o pior ataque na capital desde que Karzai assumiu seu cargo. Em julho, autoridades descobriram um carro cheio de explosivos e prenderam um estrangeiro que estaria conspirando para assassinar líderes afegãos.
O vice-presidente Abdul Haji Qadir foi alvo de um atentado em julho e o ministro do Turismo Abdul Rahman foi morto em um aeroporto em fevereiro em Cabul.
O governo dos EUA expressou apoio ao presidente afegão. "O mundo precisa tirar o chapéu para Karzai, por sua força, determinação e coragem", disse Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
O Conselho de Segurança da ONU condenou os ataques "nos termos mais fortes possíveis".


Com agências internacionais


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