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TRABALHISMO EM CRISE
Ministros deixam gabinete para pressionar Blair a sair
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O primeiro-ministro Tony
Blair foi acossado ontem por
uma revolta de parlamentares de seu partido, o Trabalhista, por sua resistência em
anunciar a data em que deixará o poder. Oito "ministros
juniores" -auxiliares diretos
dos secretários de Estado-,
todos anteriormente leais ao
premiê, pediram demissão
de seus cargos ontem.
O mais graduado dos demissionários, Tom Watson
-subordinado direto do Secretário de Defesa, Des
Browne-, afirmou em sua
carta de demissão que a continuidade do governo Blair
contrariava os interesses "do
partido e da nação".
"Partilho da visão da enorme maioria do partido e do
país de que a única maneira
de o governo se renovar é
com a mudança urgente de
sua liderança", escreveu
Watson.
O premiê qualificou a atitude de "desleal, descortês e
errada" e escreveu uma carta
em resposta a Watson: "A renovação e uma nova vitória
[nas eleições] não virão da
tentativa divisionista de retirar o líder do partido menos
de 15 meses após nossa histórica reeleição para um terceiro mandato".
A disputa dentro do Partido Trabalhista começou a se
acirrar no ano passado,
quando Blair anunciou, após
ser reeleito pela segunda vez,
que não disputaria novo
mandato em 2010.
Partidários descontentes
com o apoio do governo à invasão do Iraque, que se refletiu em derrotas nas eleições
municipais deste ano, começaram a defender uma saída
antecipada do premiê, que
seria substituído por Gordon
Brown, atual ministro das
Finanças.
A continuação do apoio de
Blair à política externa do governo Bush, na recente crise
entre Líbano e Israel, acirrou
ainda mais as críticas e a divisão entre "blairites" (grupo
leal ao premiê) e "brownites"
(que apóiam Brown).
Analistas políticos avaliam
que a disputa se transformará em uma "guerra civil" durante a convenção do Partido
Trabalhista, que começa no
próximo dia 25, em Manchester. "Esperamos ter um
novo líder no posto para a
conferência [trabalhista] de
2007", disse à BBC o ministro da Exclusão Social, Hilary Armstrong, numa tentativa de acalmar os ânimos.
Mas os críticos dentro do
governo querem que o próprio premiê confirme em público a data de sua saída -algo que Blair tem se recusado
a fazer, por medo de se tornar uma figura decorativa.
Os apoiadores mais radicais
de Gordon Brown pedem
não apenas a confirmação da
data, mas uma saída imediata, com medo de que Blair aja
para "acorrentar" o ministro
das Finanças em sua agenda
de reformas e de política externa.
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