São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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Karzai se aproxima de vitória no 1º turno

Presidente afegão tem 48,6% dos votos apurados até ontem; 200 mil cédulas foram anuladas por fraude

DA REDAÇÃO

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, ficou mais perto da vitória em primeiro turno na eleição presidencial de 20 de agosto, com quase 75% das urnas apuradas. A Comissão Eleitoral Independente anunciou ontem ainda que cerca de 200 mil votos foram anulados por terem sido fraudados -a oposição acusa Karzai de ter cometido fraudes em massa para conseguir a reeleição.
Karzai tinha até ontem 48,6% dos votos contabilizados (ou 2,08 milhões de votos), contra os 30,1% de seu principal adversário, o ex-chanceler Abdullah Abdullah. Se alcançar a maioria absoluta, o atual presidente será reeleito sem a necessidade de um segundo turno. A comissão eleitoral não quis se comprometer ontem com uma data para a divulgação dos resultados finais.
Anteontem, Abdullah pedira que não fossem mais divulgados resultados preliminares, porque os números, disse, são "suspeitos" e porque está em curso uma "fraude orquestrada pelo Estado, e não casos isolados de violações".
O pleito afegão é alvo de 650 denúncias de graves violações -apoiadores de Karzai são acusados por Abdullah de encher urnas com milhares de votos fraudulentos.
Ontem, a Comissão Eleitoral Independente declarou a anulação dos votos de 447 colégios eleitorais em todo o país (de um total de 25,4 mil) por fraude, o que afeta "ao redor de 200 mil votos", segundo o porta-voz do órgão, Noor Muhammad Noor.
Abdullah diz que diversos colégios eleitorais tinham um número de votos quase idêntico para Karzai e nenhum voto para os demais candidatos.

Ataque da Otan
Houve tensão ontem entre Alemanha e EUA, aliados na guerra afegã, por conta do ataque perpetrado na sexta-feira pelas tropas alemãs na Província de Kunduz (norte do Afeganistão) e que deixou ao menos 70 mortos -teme-se que até 40 deles civis afegãos.
O ataque alvejou dois caminhões-tanque com combustível que haviam sido roubados pelo Taleban e que, segundo o ministro da Defesa da Alemanha, Franz Josef Jung, "constituíam ameaça grave aos soldados alemães ali perto" se usados pelos insurgentes para atentados. "Por isso, apoio a decisão de nosso comandante de ordenar o ataque", disse Jung.
O ministério agregou que não havia certeza de mortes de não combatentes no episódio.
Em contrapartida, a própria Otan (aliança militar ocidental) admitira que poderia haver civis entre os mortos.
"Pelo que vi, é claro que houve civis feridos no local", disse ontem, em visita a Kunduz, o comandante das tropas americanas e da Otan no Afeganistão, general Stanley McChrystal -que assumiu em junho com a promessa de proteger os cidadãos afegãos em meio à guerra. McChrystal agregou que é "importante que acompanhemos [o caso]", sob investigação da coalizão liderada pelos EUA e o governo afegão.
Relatos indicam que os caminhões haviam sido abandonados pelo Taleban e que civis cercaram o veículo para saquear seu combustível.
A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, pediu ontem à Otan uma "rápida e cuidadosa" investigação do episódio, agregando que "sentiria profundo pesar" se confirmadas as mortes de não combatentes.
A oposição alemã pediu que Merkel vá ao Parlamento dar explicações sobre o caso.


Com agências internacionais


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