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Guerra entre jornais atinge Cameron
Premiê é acusado de ter atendido pedidos de dono do "Wall Street Journal" e de tabloide britânico, por apoio
Em reação, "New York
Times" denuncia chefe
de comunicação oficial
por estimular atos
ilegais da concorrência
Oli Scarff- 13.abr.2010/Associated Press
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Andy Coulson, chefe de comunicação do governo britânico, é acusado de estimular escutas ilegais por repórteres no país
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
A guerra entre dois gigantes das comunicações com
sede em Nova York atravessou o Atlântico e atingiu o
centro do poder no Reino
Unido.
O chefe da comunicação
do governo britânico é acusado de ter acobertado ou incentivado atos ilegais. A polícia, de fazer corpo mole nas
investigações. O primeiro-ministro, de atender pedidos
de um magnata da mídia em
troca de apoio.
De um lado do ringue está
o "New York Times". De outro, Rupert Murdoch, dono
de jornais espalhados pelo
mundo, incluindo tabloides
sensacionalistas em Londres
e o "Wall Street Journal",
principal publicação econômica dos EUA que recentemente resolveu disputar o
leitor do "NYT".
O mais recente lance nesta
guerra foi dado pelo "NYT".
O jornal mandou para Londres alguns de seus melhores
repórteres para investigar supostas ações criminosas do
"News of The World", tabloide dominical de Murdoch.
A acusação é que o ex-diretor do jornal, Andy Coulson,
incentivava seus repórteres a
invadir a caixa postal dos celulares de membros da realeza, celebridades, políticos e
esportistas. Tudo para encontrar escândalos que fazem as manchetes do jornal.
Coulson deixou o "News of
the World", trabalhou para o
Partido Conservador e hoje é
o chefe de comunicações do
primeiro-ministro britânico,
David Cameron.
Segundo a reportagem do
"New York Times", Coulson
aproximou Cameron de Murdoch durante a campanha
para as eleições de maio.
Os jornais de Murdoch,
que por um certo tempo
apoiaram o Partido Trabalhista, passaram a defender a
eleição dos conservadores.
Os trabalhistas afirmam
que o apoio não foi gratuito.
Murdoch teria pedido, entre
outras coisas, o enfraquecimento da BBC, TV pública do
Reino Unido e principal concorrente da Sky, que pertence ao próprio Murdoch.
Coincidência ou não, desde que tomou posse, em
maio, o novo governo faz ataques à BBC e ameaça cortar
seu financiamento.
ESCUTAS
O caso das escutas nos celulares não é novo. Começou
em 2005, quando descobriu-se que dois funcionários do
"News of the World" invadiram as caixas postais de secretários da família real.
Coulson era o editor-chefe à
época. Disse que não sabia
de nada, mas se demitiu.
O que o "NYT" diz agora é
que Coulson não só sabia, como incentivava a prática.
Diz também que a polícia
foi leniente na investigação e
que não avisou várias pessoas que tiveram o sigilo telefônico quebrado.
Isso, segundo a reportagem, poupou o jornal, e o
próprio Murdoch, de processos de indenização que poderiam ultrapassar milhões de
reais cada um.
A polícia diz que a investigação foi cuidadosa e que a
reportagem não traz elementos para reabrir o inquérito.
O "News of the World" foi
bem mais duro. O jornal, que
vende 2,9 milhões de exemplares aos domingos, diz que
a "investigação do "Times" foi
manchada por um grande interesse em seu resultado".
Afirma ainda que foram
ouvidos ex-repórteres não
confiáveis e questiona:
"Qual seria a reação de vocês
se Jason Blair apresentasse
alegações sobre as práticas
editoriais do "NYT" a um jornal de um grupo rival?".
Blair foi demitido do
"NYT" após a descoberta de
que inventava reportagens.
Coulson disse que aceita
falar com a polícia outra vez
sobre as escutas. Cameron
não comentou o caso.
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