São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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Sarkozy quer tirar cidadania de imigrante que atacar policiais

Governo francês também poderá facilitar expulsão de ilegais

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Em mais uma medida para tentar recuperar a popularidade em queda, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, marcou ontem definitivamente a distinção entre franceses de "casta" e cidadãos de origem estrangeira.
Ele defendeu a retirada da nacionalidade de estrangeiros naturalizados que cometam crimes contra policiais.
Depois de uma reunião extraordinária convocada no Palácio do Eliseu, sede da Presidência, o chefe do Estado francês enumerou, em um comunicado, as emendas que pretende acrescentar ao projeto de lei referente a segurança e imigração.
O texto deverá ser apresentado à Assembleia Nacional no dia 27 deste mês.
Entre as medidas, o governo pretende cassar a nacionalidade de franceses naturalizados há menos de dez anos que tenham cometido crimes que "coloquem em risco a vida de agentes da autoridade pública, principalmente policiais".
Atualmente, o princípio é previsto por lei, mas somente em casos excepcionais de crimes cometidos contra o Estado, como traição ou atentados terroristas.
O Executivo também facilitará os procedimentos de expulsão de ilegais e estudará a retirada automática da nacionalidade de menores delinquentes.

APOIO POPULAR
Apesar de polêmicas, as medidas têm o apoio da população. Segundo pesquisa publicada no início de agosto pelo jornal conservador "Le Figaro" , 80% dos franceses são a favor da cassação da nacionalidade e 79% apoiam o desmantelamento de acampamentos de ciganos.
A menos de dois anos das eleições presidenciais, o endurecimento da política de segurança do governo francês é visto como uma manobra para angariar votos, principalmente entre o eleitorado da direita e extrema direita.
"Não é nem em nome do interesse geral, nem em nome da eficiência de uma política de segurança que o presidente anuncia essas medidas. Sejamos claros, trata-se de um vulgar interesse eleitoral", afirma o porta-voz da associação France Terre d'Asile (França, terra de asilo), Pierre Henry.
O presidente da ONG SOS Racismo, Dominique Sopo, também denunciou à Folha uma política "demagoga, ineficaz e populista", que consiste em introduzir na legislação e na cabeça da população a ideia de que há duas categorias de franceses.
O historiador especialista em imigração, Patrick Weil, disse que a retirada da nacionalidade pode ferir os princípios de igualdade e do direito à vida em família, principalmente em caso de expulsão de franceses naturalizados que tenham nascido em território francês.


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