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Sarkozy quer tirar cidadania de
imigrante que atacar policiais
Governo francês também poderá facilitar expulsão de ilegais
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
Em mais uma medida para
tentar recuperar a popularidade em queda, o presidente
francês, Nicolas Sarkozy,
marcou ontem definitivamente a distinção entre franceses de "casta" e cidadãos
de origem estrangeira.
Ele defendeu a retirada da
nacionalidade de estrangeiros naturalizados que cometam crimes contra policiais.
Depois de uma reunião extraordinária convocada no
Palácio do Eliseu, sede da
Presidência, o chefe do Estado francês enumerou, em um
comunicado, as emendas
que pretende acrescentar ao
projeto de lei referente a segurança e imigração.
O texto deverá ser apresentado à Assembleia Nacional
no dia 27 deste mês.
Entre as medidas, o governo pretende cassar a nacionalidade de franceses naturalizados há menos de dez
anos que tenham cometido
crimes que "coloquem em
risco a vida de agentes da autoridade pública, principalmente policiais".
Atualmente, o princípio é
previsto por lei, mas somente
em casos excepcionais de crimes cometidos contra o Estado, como traição ou atentados terroristas.
O Executivo também facilitará os procedimentos de expulsão de ilegais e estudará a
retirada automática da nacionalidade de menores delinquentes.
APOIO POPULAR
Apesar de polêmicas, as
medidas têm o apoio da população. Segundo pesquisa
publicada no início de agosto
pelo jornal conservador "Le
Figaro" , 80% dos franceses
são a favor da cassação da
nacionalidade e 79% apoiam
o desmantelamento de
acampamentos de ciganos.
A menos de dois anos das
eleições presidenciais, o endurecimento da política de
segurança do governo francês é visto como uma manobra para angariar votos, principalmente entre o eleitorado
da direita e extrema direita.
"Não é nem em nome do
interesse geral, nem em nome da eficiência de uma política de segurança que o presidente anuncia essas medidas. Sejamos claros, trata-se
de um vulgar interesse eleitoral", afirma o porta-voz da
associação France Terre d'Asile (França, terra de asilo),
Pierre Henry.
O presidente da ONG SOS
Racismo, Dominique Sopo,
também denunciou à Folha
uma política "demagoga,
ineficaz e populista", que
consiste em introduzir na legislação e na cabeça da população a ideia de que há
duas categorias de franceses.
O historiador especialista
em imigração, Patrick Weil,
disse que a retirada da nacionalidade pode ferir os princípios de igualdade e do direito
à vida em família, principalmente em caso de expulsão
de franceses naturalizados
que tenham nascido em território francês.
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