São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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TRAGÉDIA NOS EUA

Congresso examina obras que foram concedidas sem licitação para amenizar danos causados por furacão

Contratos pós-Katrina vão ser revistos

DA REDAÇÃO

Todos os contratos firmados sem licitação com o objetivo de reconstruir as áreas afetadas pelo furacão Katrina serão revistos, afirmou ontem o chefe da Fema (Agência Federal de Administração de Emergências dos EUA).
David Paulison, que assumiu o cargo no mês passado após o seu predecessor, Michael Brown, pedir demissão sob pesadas críticas sobre sua falta de experiência na área, disse a uma comissão do Senado norte-americano que a agência agora irá abrir licitação para as obras relacionadas à destruição causada pelo Katrina.
"Nunca fui um fã de contratos sem licitação", disse Paulison. "Mas, às vezes, é necessário adotar esse procedimento, visando resolver os problemas. Mas eu posso assegurar que nós vamos examinar todos os documentos com muito cuidado."
Nas semanas após o desastre, mais de 80% de US$ 1,5 bilhão em contratos foi concedido sem nenhuma ou com pouca concorrência entre empresas, a maioria delas de fora do golfo do México, área que foi vítima da passagem do furacão. Auditorias também identificaram que algumas justificativas usadas para firmar os contratos não eram sólidas.
Estima-se que vão ser gastos até US$ 200 bilhões para a reconstrução da região. Congressistas estão questionando o modo como as obras foram passadas sem licitação a essas empresas.
O senador democrata Carl Levin disse que, segundo as leis federais, os contratos de reconstrução devem ser concedidos a firmas locais quando isso é possível. "Nós temos conhecimento de vários trabalhadores das regiões atingidas que foram obrigados a dar lugar a pessoas vindas de outros Estados", declarou.
O chefe da Fema reconheceu que, "objetivando reconstruir a comunidade, as pessoas precisam de emprego, de moradia, e nós estamos trabalhando para isso".
Joseph Lieberman, senador democrata, questionou o fato de a Fema não ter realizado licitações -para as áreas de habitação e suprimento, por exemplo- antes de um desastre ocorrer.
"Está claro que a Fema estaria em uma posição muito mais favorável se houvesse já uma série de contratos firmados para o mesmo tipo de serviços a que a agência teve de recorrer agora, mas sem realizar licitações. Assim, tememos que os contribuintes tenham gasto mais dinheiro do que deveriam", disse Lieberman.
A senadora Susan Collins, uma republicana, questionou uma suposta malversação dos gastos relacionados às vítimas do furacão, já que muitas delas seguem hospedadas em hotéis ou abrigos, enquanto a Fema teve US$ 2 bilhões em despesas para construir 120 mil trailers temporários e casas móveis para os desabrigados. Apenas 109 famílias de Lousiana foram acomodadas nesses locais. Cerca de 68 mil vítimas prosseguem em abrigos.
O presidente George W. Bush estabeleceu a data de 15 de outubro como prazo máximo para os desabrigados encontrarem um novo lar -cuja busca pode ser realizada com auxílio financeiro proveniente da Fema.

Emprego
O senador do Partido Republicano John Warner expressou preocupação com o fato de que metade da força de trabalho da Prefeitura de Nova Orleans foi demitida porque a base de recolhimento de impostos da cidade foi destruída. A Fema diz que a ajuda aos governos locais é de cerca de US$ 5 milhões nesses casos.


Com agências internacionais

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