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Netanyahu quer voltar a governar Israel para barrar Estado palestino
Líder do direitista Likud defende divisão da Cisjordânia em "zonas econômicas"
TOBIAS BUCK
LIONEL BARBER
DO "FINANCIAL TIMES"
O ex-premiê israelense
(1996-99) e líder do partido
oposicionista Likud (direita)
Benjamin Netanyahu pega um
marcador e se levanta brutalmente da cadeira para rabiscar
em um mapa na parede seus
planos para resolver o conflito
entre Israel e os palestinos.
O que aparece nos rabiscos
do ex-premiê não é o que os palestinos e o que quase toda a comunidade internacional têm
em mente -a idéia de um Estado palestino contíguo a Israel,
que retoma as fronteiras anteriores à ocupação israelense
iniciada com a guerra de 1967.
Em vez disso, Netanyahu defende uma Cisjordânia dividida
em pequenas zonas econômicas desconectadas umas das
outras e voltadas para projetos
empresariais específicos.
A histórica cidade de Jericó,
por exemplo, deveria investir
na sua proximidade com o rio
Jordão para atrair turistas
evangélicos americanos. Segundo Netanyahu, isso permitiria a criação de "dezenas de
milhares de empregos".
Mas outras áreas da Cisjordânia, como o deserto da Judéia e o vale do rio Jordão, deveriam permanecer sob total
controle de Israel. "Estas são
zonas cruciais para o nosso cinturão de segurança", diz.
Netanyahu afirma que não
pretende suspender as conversas de paz entre o governo de
Israel e a Autoridade Nacional
Palestina. Mas ele alega que,
em vez de esforços pela criação
de um Estado palestino, mais
importante seria aumentar o
nível de vida na Cisjordânia.
Esta visão enfurece os palestinos, que vêem o plano de Netanyahu como uma tentativa de
confiná-los em zonas de autonomia parcial. A idéia irrita até
aliados de Israel, que querem
um Estado palestino soberano.
Netanyahu ainda não pode
aplicar seus planos. No momento, ele deve se contentar
com a vida de deputado instalado em um modesto escritório,
de onde acompanhou o escândalo de corrupção que derrubou o premiê Ehud Olmert e
abriu caminho para sua sucessão pela correligionária Tzipi
Livni. A atual chanceler tem
um mês para formar um governo. Caso fracasse, as eleições de
2010 serão antecipadas.
O cenário, segundo pesquisas, selaria a volta ao poder de
Netanyahu, para quem a prioridade é a liberalização da economia, não a paz com palestinos.
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