São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Netanyahu quer voltar a governar Israel para barrar Estado palestino

Líder do direitista Likud defende divisão da Cisjordânia em "zonas econômicas"

TOBIAS BUCK
LIONEL BARBER
DO "FINANCIAL TIMES"

O ex-premiê israelense (1996-99) e líder do partido oposicionista Likud (direita) Benjamin Netanyahu pega um marcador e se levanta brutalmente da cadeira para rabiscar em um mapa na parede seus planos para resolver o conflito entre Israel e os palestinos.
O que aparece nos rabiscos do ex-premiê não é o que os palestinos e o que quase toda a comunidade internacional têm em mente -a idéia de um Estado palestino contíguo a Israel, que retoma as fronteiras anteriores à ocupação israelense iniciada com a guerra de 1967. Em vez disso, Netanyahu defende uma Cisjordânia dividida em pequenas zonas econômicas desconectadas umas das outras e voltadas para projetos empresariais específicos.
A histórica cidade de Jericó, por exemplo, deveria investir na sua proximidade com o rio Jordão para atrair turistas evangélicos americanos. Segundo Netanyahu, isso permitiria a criação de "dezenas de milhares de empregos".
Mas outras áreas da Cisjordânia, como o deserto da Judéia e o vale do rio Jordão, deveriam permanecer sob total controle de Israel. "Estas são zonas cruciais para o nosso cinturão de segurança", diz.
Netanyahu afirma que não pretende suspender as conversas de paz entre o governo de Israel e a Autoridade Nacional Palestina. Mas ele alega que, em vez de esforços pela criação de um Estado palestino, mais importante seria aumentar o nível de vida na Cisjordânia.
Esta visão enfurece os palestinos, que vêem o plano de Netanyahu como uma tentativa de confiná-los em zonas de autonomia parcial. A idéia irrita até aliados de Israel, que querem um Estado palestino soberano.
Netanyahu ainda não pode aplicar seus planos. No momento, ele deve se contentar com a vida de deputado instalado em um modesto escritório, de onde acompanhou o escândalo de corrupção que derrubou o premiê Ehud Olmert e abriu caminho para sua sucessão pela correligionária Tzipi Livni. A atual chanceler tem um mês para formar um governo. Caso fracasse, as eleições de 2010 serão antecipadas.
O cenário, segundo pesquisas, selaria a volta ao poder de Netanyahu, para quem a prioridade é a liberalização da economia, não a paz com palestinos.


Texto Anterior: Sucessão nos EUA / Repercussão: Políticos prevêem que a propaganda suja vai piorar
Próximo Texto: Guerra sem limite: Atentado mata 12 em casa de deputado xiita paquistanês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.