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Lama ameaça se espalhar pela Europa
Equipes da Hungria trabalham para impedir que material tóxico chegue ao rio Danúbio e contamine seis países
País abre um inquérito criminal para investigar vazamento em fábrica de alumínio, que deixou ao menos quatro mortos
Tamas Kovacs/Efe
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Homem coberto de lama vermelha fuma enquanto descansa em Devecser, cidade atingida por vazamento de fábrica
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Hungria abriu ontem investigação criminal sobre o
vazamento de lama tóxica
em Ajka, a 160 km de Budapeste, e a União Europeia pediu ao país que impeça que o
lodo chegue ao rio Danúbio.
A enxurrada começou há
três dias, no reservatório de
uma fábrica de alumínio.
Cerca de 1 milhão de metros cúbicos (400 piscinas
olímpicas) da lama vermelha, um lixo industrial resultante do refino da bauxita, foram despejados.
Ainda não se sabe o que
causou o vazamento, que
deixou quatro mortos e 120
feridos quando a torrente
inundou casas, tirou carros
de estradas e danificou rodovias e pontes em ao menos
sete cidades vizinhas.
A decisão de abrir um inquérito foi tomada pelo chefe
da Polícia Nacional, Jozsef
Hatala, para investigar possível descuido durante os trabalhos na fábrica.
O premiê Viktor Orban diz
que o governo foi pego de
surpresa, já que uma inspeção realizada há apenas duas
semanas não encontrou nenhuma irregularidade.
O governo decretou estado
de emergência em três condados e destacou 500 pessoas para tentar descontaminar casas e ruas afetadas.
Elas usavam trajes especiais para a proteção contra
substâncias químicas.
Ontem, o ministro do Ambiente, Zoltán Illés -que na
véspera havia qualificado o
acidente de "catástrofe ecológica"-, disse que será preciso retirar a terra da região
afetada para que ela possa
voltar a ser cultivada, o que
poderia levar até um ano.
Membros da organização
ambiental Greenpeace recolheram amostras da terra para testar em Viena (Áustria) e
Budapeste, na tentativa de
descobrir o quão contaminada por metais pesados é a lama tóxica.
A lama vermelha é um
subproduto do refino de bauxita em alumina, o material
básico para produzir alumínio. Ela contém metais pesados como cádmio, arsênio,
silício, ferro e outros, e é armazenada em lagoas artificiais onde a água evapora,
deixando para trás um solo
vermelho argiloso.
AMEAÇA
Ontem, o reservatório
-que tem 300 metros de
comprimento por 450 metros
de largura- não vazava
mais, mas a lama já tinha
atingido o rio Marcal, afluente do rio Raba, que, por sua
vez, deságua no Danúbio.
A UE disse temer que a enchente tóxica transforme-se
em um desastre ecológico
para vários países e pediu às
autoridades húngaras que
coloquem todos os seus esforços para manter a lama
longe do Danúbio.
O rio, um dos principais do
continente, atravessa Croácia, Sérvia, Romênia, Bulgária, Ucrânia e Moldova, antes
de desaguar no mar Negro.
"Estamos preocupados,
não apenas com a Hungria,
mas que isso possa potencialmente atravessar fronteiras", disse o porta-voz do bloco, Joe Hennon.
A agência húngara de regulação das águas disse que
a lama pode levar cinco dias
para chegar ao Danúbio.
Equipes de emergência
têm retirado a lama das
águas do Marcal e espalhado
gesso para tentar solidificá-la. Ácido também é jogado no
rio para neutralizar toxinas.
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