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IRAQUE OCUPADO
Empresário afirma que Bagdá lhe pediu que levasse proposta; para Casa Branca, via legítima havia sido esgotada
Saddam quis acordo com EUA, diz emissário
DA REDAÇÃO
Às vésperas da invasão do Iraque, um empresário americano
de origem libanesa procurou
membros do governo dos EUA
para oferecer um acordo com o
então ditador Saddam Hussein e
evitar a guerra. A proposta: os
EUA poderiam enviar soldados e
especialistas ao país para procurar armas de destruição em massa; os iraquianos entregariam a
Washington um suspeito de envolvimento no atentado contra o
World Trade Center em 1993 e estudariam convocar eleições.
Em entrevista ao jornal americano "The New York Times" publicada ontem -a mesma notícia
fora dada horas antes pela rede de
TV ABC-, Imad Hage disse ter
sido procurado por autoridades
iraquianas -incluindo o chefe da
inteligência do país, Tahir Habbush-, que teriam lhe pedido
para levar a mensagem ao governo americano. O empresário,
após uma série de contatos, se encontrou com Richard Perle, conselheiro do Pentágono e um dos
principais defensores da guerra.
Perle, segundo o "Times", pediu
autorização à CIA (serviço secreto) para se reunir com os iraquianos, mas ouviu que essa não era
uma via a ser explorada. "Eu duvidava que fosse dar certo, mas concordei em falar com algumas pessoas em Washington", disse.
O desarmamento do Iraque foi
uma das exigências feitas por
Washington que, não tendo sido
cumprida de maneira verificável,
resultou na guerra. Os EUA acusavam Bagdá de manter as armas
de destruição em massa que possuía até 1991 e o Iraque afirmava
tê-las destruído. Até hoje, após
buscas exaustivas, o paradeiro do
arsenal é desconhecido.
Citando uma fonte da inteligência americana, o "Times" diz que
a proposta não seria a única recebida pelos EUA nos três meses
que antecederam a guerra. Muitas
delas, no entanto, foram vistas
sob suspeita em Washington.
Indagado ontem sobre as propostas, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, afirmou apenas que os EUA tentaram ao máximo evitar o conflito.
"Os EUA esgotaram todas as
oportunidades legítimas e dignas
de crédito para resolver a questão
pacificamente com o Iraque...
Saddam Hussein teve muitas
oportunidades para condescender", disse. Mas McClellan se negou a dizer se o presidente George
W. Bush chegou a ser informado
da oferta trazida por Hage.
Membros do Pentágono confirmaram a proposta, mas disseram
que ela dificilmente evitaria a
guerra. "Ninguém precisa usar
canais duvidosos para passar uma
mensagem", declarou o porta-voz
do Pentágono, Lawrence Di Rita.
Hage trocou o Líbano pelos
EUA em 1976 e se fixou perto de
Washington, onde se tornou influente nos círculos libaneses-americanos. No fim dos anos 90,
voltou a viver em seu país natal.
Com agências internacionais
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