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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Empresário afirma que Bagdá lhe pediu que levasse proposta; para Casa Branca, via legítima havia sido esgotada

Saddam quis acordo com EUA, diz emissário

DA REDAÇÃO

Às vésperas da invasão do Iraque, um empresário americano de origem libanesa procurou membros do governo dos EUA para oferecer um acordo com o então ditador Saddam Hussein e evitar a guerra. A proposta: os EUA poderiam enviar soldados e especialistas ao país para procurar armas de destruição em massa; os iraquianos entregariam a Washington um suspeito de envolvimento no atentado contra o World Trade Center em 1993 e estudariam convocar eleições.
Em entrevista ao jornal americano "The New York Times" publicada ontem -a mesma notícia fora dada horas antes pela rede de TV ABC-, Imad Hage disse ter sido procurado por autoridades iraquianas -incluindo o chefe da inteligência do país, Tahir Habbush-, que teriam lhe pedido para levar a mensagem ao governo americano. O empresário, após uma série de contatos, se encontrou com Richard Perle, conselheiro do Pentágono e um dos principais defensores da guerra.
Perle, segundo o "Times", pediu autorização à CIA (serviço secreto) para se reunir com os iraquianos, mas ouviu que essa não era uma via a ser explorada. "Eu duvidava que fosse dar certo, mas concordei em falar com algumas pessoas em Washington", disse.
O desarmamento do Iraque foi uma das exigências feitas por Washington que, não tendo sido cumprida de maneira verificável, resultou na guerra. Os EUA acusavam Bagdá de manter as armas de destruição em massa que possuía até 1991 e o Iraque afirmava tê-las destruído. Até hoje, após buscas exaustivas, o paradeiro do arsenal é desconhecido.
Citando uma fonte da inteligência americana, o "Times" diz que a proposta não seria a única recebida pelos EUA nos três meses que antecederam a guerra. Muitas delas, no entanto, foram vistas sob suspeita em Washington.
Indagado ontem sobre as propostas, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, afirmou apenas que os EUA tentaram ao máximo evitar o conflito.
"Os EUA esgotaram todas as oportunidades legítimas e dignas de crédito para resolver a questão pacificamente com o Iraque... Saddam Hussein teve muitas oportunidades para condescender", disse. Mas McClellan se negou a dizer se o presidente George W. Bush chegou a ser informado da oferta trazida por Hage.
Membros do Pentágono confirmaram a proposta, mas disseram que ela dificilmente evitaria a guerra. "Ninguém precisa usar canais duvidosos para passar uma mensagem", declarou o porta-voz do Pentágono, Lawrence Di Rita.
Hage trocou o Líbano pelos EUA em 1976 e se fixou perto de Washington, onde se tornou influente nos círculos libaneses-americanos. No fim dos anos 90, voltou a viver em seu país natal.


Com agências internacionais

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