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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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EUROPA

Haverá 1 dia a mais de trabalho

Auxílio aos idosos faz francês trabalhar mais

DA REDAÇÃO

A França anunciou ontem que sua força de trabalho deixará de ter um dia de folga por ano para melhorar o atendimento público aos idosos e incapacitados, após a onda de calor que matou cerca de 15 mil pessoas no último verão no hemisfério Norte e expôs falhas na rede de saúde francesa.
"O último verão foi mortífero. Isso mostrou que temos a obrigação de ajudar os idosos", afirmou o premiê Jean-Pierre Raffarin durante o anúncio. Por causa do grande número de mortes, sobretudo de idosos, os necrotérios também ficaram superlotados. Corpos não reclamados foram enterrados como indigentes.
Os trabalhadores deverão abrir mão de um dia de folga por ano -um feriado ou algum outro dia sem trabalho- para aumentar a arrecadação pública em US$ 10,3 bilhões até 2008. A medida começará a vigorar em julho de 2004.
"Precisamos de um apoio com base na fraternidade. Os trabalhadores darão um dia de salário, e as empresas, um dia de lucro", disse o premiê. Os empregados pagarão uma contribuição adicional de 0,3% sobre o que recebem em troca do dia extra de salário. As empresas arcarão com uma nova taxa de 0,3%. Não ficou claro como os autônomos contribuirão.
O dinheiro será usado na contratação de 15 mil enfermeiras e na criação de 10 mil vagas em asilos públicos até 2007. Metade do valor servirá para ajudar os incapacitados ao trabalho. Raffarin disse que os funcionários públicos deixarão de folgar no feriado de Pentecostes, que geralmente cai em maio. A iniciativa privada ficará livre para escolher.
A popularidade do premiê tem caído desde as mortes pelo calor, cujo mês crítico foi agosto. Em outubro, era aprovado por 35%, contra 33% neste mês. No início do ano, tinha um índice de 57%.
As reações variaram. O Medef, o principal movimento empresarial do país, elogiou a medida. O instituto econômico OFCE avaliou que criar mais um dia útil com a demanda fraca pode gerar 30 mil demissões. Sindicatos previram que a medida será um "pesadelo burocrático". O plano vai na direção oposta ao corte de impostos e de horas de trabalho que o governo vinha adotando.


Com agências internacionais

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