São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Eleito tem uma imensa lista de afazeres à frente

Economia deve dominar a atenção do novo governo

DO "NEW YORK TIMES"

O péssimo estado da economia ajudou a decidir a eleição e quase certamente dominará os primeiros dias de Obama. Eis algumas questões cruciais que os economistas afirmam que servirão como teste para ele:
- Estímulo econômico. Obama deve agir rápido. A aprovação acelerada de um pacote de estímulo é ainda mais premente do que o pacote tributário que ele prometeu.
O Congresso pode agir quanto ao estímulo neste mês, mas apenas se o eleito sinalizar que ele defende a convocação de uma sessão extraordinária antes de sua posse. Depois, Obama provavelmente solicitará novas medidas de estímulo ao Congresso.
À medida que os gastos do setor privado se reduzem, ganham intensidade os argumentos -tanto entre os republicanos quanto entre os democratas- em favor de uma intervenção do governo.
- Hipotecas. Obama prometeu que ajudaria os proprietários de casas que enfrentam dificuldades, mas terá de agir rápido se deseja evitar uma nova onda de execução de hipotecas.
Poderia tentar alterar as leis de falência pessoal a fim de ajudar a impedir que as pessoas percam suas casas, medida a que Bush e o setor de crédito imobiliário resistiram.
- Regulamentação federal. Uma das prioridades, afirmou Obama, deveria ser consolidar o sistema de regulamentação dos mercados. Ele prometeu que simplificaria a sopa de letras de agências regulatórias, do Fed (o banco central) à SEC (Securities and Exchange Commission, órgão que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários), dois órgãos com poderes de sanção.
Mas não informou que agências pretendia eliminar. - Indústria automobilística. General Motors, Ford e Chrysler estão rapidamente esgotando suas reservas de caixa, em meio às piores vendas de veículos novos nos últimos 15 anos. A ameaça de concordata crescerá, se não surgir nenhuma forma de assistência.
O governo Bush até o momento negou às montadoras recursos de qualquer fonte de auxílio público. Os apelos das Três Grandes estão se tornando mais e mais ruidosos. Obama prometeu se reunir em breve com os presidentes das três.
- Saúde. As necessidades mais prementes de uma economia em crise tornam improvável que grandes mudanças no sistema de saúde possam chegar com rapidez ao topo da agenda. Mas analistas afirmam que os democratas provavelmente abandonarão algumas posições quanto à saúde adotadas por Bush, sobretudo no que tange Medicare (seguro para idosos).
Os analistas também antecipam que os democratas tentarão fiscalizar mais o setor de medicamentos, por meio da FDA (agência que regulamenta alimentos e remédios).
- Tecnologia. As empresas argumentam que precisam dos melhores engenheiros para concorrer na economia mundial. O presidente eleito endossou o apelo do setor por um aumento no número de vistos de trabalho temporário para trabalhadores especializados do setor de engenharia, hoje limitados a 65 mil por ano.
O setor receberá o presidente com uma lista de outros desejos. Um deles é o de que Obama adote políticas que promovam a difusão do acesso de alta velocidade à internet, o que gera canais para o comércio eletrônico, a publicidade online e outros modelos de negócio que têm a web como peça central.
- Energia. A Presidência de Obama poderia significar uma mudança acentuada nas políticas de energia, com ênfase especial na conservação e na energia renovável. Mas algumas das propostas mais audaciosas do candidato, como um projeto de lei sobre o aquecimento global, podem ter de esperar pela recuperação econômica, de acordo com analistas.
Dadas as dimensões da maioria democrata, o governo Obama deve também adotar regulamentação ambiental mais severa e impor tributos mais elevados às empresas petroleiras do que nos anos Bush.
- Comércio externo. Sai a cooperação, entra o protecionismo. O consenso que existia quanto ao comércio internacional parece ter se evaporado com o fracasso das negociações de comércio mundial alguns meses atrás. Com o mundo à beira de uma recessão, cresce o medo de que o protecionismo esteja em ascensão.
O primeiro teste surgirá em 14 e 15 de novembro, muito antes que Obama assuma. Líderes de 20 grandes países se reunirão em Washington com o presidente Bush a fim de iniciar um esforço para reescrever as regras financeiras internacionais empreitada que há quem compare a uma nova conferência de Bretton Woods. Quer participe, quer não, Obama terá um papel importante.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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