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Eleito tem uma imensa lista de afazeres à frente
Economia deve dominar a atenção do novo governo
DO "NEW YORK TIMES"
O péssimo estado da economia ajudou a decidir a eleição e
quase certamente dominará os
primeiros dias de Obama. Eis
algumas questões cruciais que
os economistas afirmam que
servirão como teste para ele:
- Estímulo econômico.
Obama deve agir rápido. A
aprovação acelerada de um pacote de estímulo é ainda mais
premente do que o pacote tributário que ele prometeu.
O Congresso pode agir quanto ao estímulo neste mês, mas
apenas se o eleito sinalizar que
ele defende a convocação de
uma sessão extraordinária antes de sua posse. Depois, Obama provavelmente solicitará
novas medidas de estímulo ao
Congresso.
À medida que os gastos do
setor privado se reduzem, ganham intensidade os argumentos -tanto entre os republicanos quanto entre os democratas- em favor de uma intervenção do governo.
- Hipotecas. Obama prometeu que ajudaria os proprietários de casas que enfrentam dificuldades, mas terá de agir rápido se deseja evitar uma nova
onda de execução de hipotecas.
Poderia tentar alterar as leis de
falência pessoal a fim de ajudar
a impedir que as pessoas percam suas casas, medida a que
Bush e o setor de crédito imobiliário resistiram.
- Regulamentação federal.
Uma das prioridades, afirmou
Obama, deveria ser consolidar
o sistema de regulamentação
dos mercados. Ele prometeu
que simplificaria a sopa de letras de agências regulatórias,
do Fed (o banco central) à SEC
(Securities and Exchange
Commission, órgão que fiscaliza e regulamenta o mercado de
valores mobiliários), dois órgãos com poderes de sanção.
Mas não informou que agências pretendia eliminar.
- Indústria automobilística. General Motors, Ford e
Chrysler estão rapidamente esgotando suas reservas de caixa,
em meio às piores vendas de
veículos novos nos últimos 15
anos. A ameaça de concordata
crescerá, se não surgir nenhuma forma de assistência.
O governo Bush até o momento negou às montadoras
recursos de qualquer fonte de
auxílio público. Os apelos das
Três Grandes estão se tornando mais e mais ruidosos. Obama prometeu se reunir em breve com os presidentes das três.
- Saúde. As necessidades
mais prementes de uma economia em crise tornam improvável que grandes mudanças no
sistema de saúde possam chegar com rapidez ao topo da
agenda. Mas analistas afirmam
que os democratas provavelmente abandonarão algumas
posições quanto à saúde adotadas por Bush, sobretudo no que
tange Medicare (seguro para
idosos).
Os analistas também antecipam que os democratas tentarão fiscalizar mais o setor de
medicamentos, por meio da
FDA (agência que regulamenta
alimentos e remédios).
- Tecnologia. As empresas
argumentam que precisam dos
melhores engenheiros para
concorrer na economia mundial. O presidente eleito endossou o apelo do setor por um aumento no número de vistos de
trabalho temporário para trabalhadores especializados do
setor de engenharia, hoje limitados a 65 mil por ano.
O setor receberá o presidente com uma lista de outros desejos. Um deles é o de que Obama adote políticas que promovam a difusão do acesso de alta
velocidade à internet, o que gera canais para o comércio eletrônico, a publicidade online e
outros modelos de negócio que
têm a web como peça central.
- Energia. A Presidência de
Obama poderia significar uma
mudança acentuada nas políticas de energia, com ênfase especial na conservação e na
energia renovável. Mas algumas das propostas mais audaciosas do candidato, como um
projeto de lei sobre o aquecimento global, podem ter de esperar pela recuperação econômica, de acordo com analistas.
Dadas as dimensões da maioria democrata, o governo Obama deve também adotar regulamentação ambiental mais severa e impor tributos mais elevados às empresas petroleiras
do que nos anos Bush.
- Comércio externo. Sai a
cooperação, entra o protecionismo. O consenso que existia
quanto ao comércio internacional parece ter se evaporado
com o fracasso das negociações
de comércio mundial alguns
meses atrás. Com o mundo à
beira de uma recessão, cresce o
medo de que o protecionismo
esteja em ascensão.
O primeiro teste surgirá em
14 e 15 de novembro, muito antes que Obama assuma. Líderes
de 20 grandes países se reunirão em Washington com o presidente Bush a fim de iniciar
um esforço para reescrever as
regras financeiras internacionais empreitada que há quem
compare a uma nova conferência de Bretton Woods. Quer
participe, quer não, Obama terá um papel importante.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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