São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / TROCA DE GUARDA

"Extremistas" gostariam de atacar na transição, diz Bush

Presidente lembra que é a primeira sucessão em tempos de guerra em 40 anos

Obama terá de trocar até 7.000 funcionários em cargos de confiança; nova legislação deve acelerar o processo de nomeações

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que "extremistas não gostariam de outra coisa que não fosse explorar este período de mudança para atacar o povo americano".
O comentário fez parte de um breve discurso interno para funcionários federais reunidos no jardim da Casa Branca.
Bush mencionou faltarem 75 dias até a troca de governo no dia 20 de janeiro. Todos devem se manter atentos às suas funções, afirmou. O presidente agradeceu aos seus colaboradores, dando um caráter de despedida ao encontro.
"Assegurar que esta transição seja tão tranqüila quanto possível é uma prioridade para o restante do meu mandato.
Nós enfrentamos desafios econômicos que não vão parar para que o novo presidente se instale. Esta é também a primeira transição presidencial em tempos de guerra nos EUA em 40 anos", declarou Bush, para depois emendar sobre o interesse de extremistas em eventualmente atacar o país no período.
Ele prometeu continuar a trabalhar em todos os projetos em curso, na área administrativa e política, "até a reta final". Antes de concluir, fez outra menção ao perigo externo: "Nós vamos continuar a proteger a pátria defendendo-a de terroristas e extremistas no exterior, de maneira que não tenhamos de enfrentá-los aqui em nosso solo". Nesse momento, foi aplaudido pelos pouco mais de mil funcionários que o assistiam.
No que diz respeito à crise econômica, Bush citou a cúpula do próximo dia 15, quando os países do G20 (o Brasil inclusive) estarão em Washington para discutir formas de reestruturar o sistema financeiro internacional. Será sua última chance de ter alguma evidência no cenário internacional. Disse que o secretário do Tesouro (ministro da Fazenda), Henry Paulson, está trabalhando "horas a fio" para organizar o encontro.

7.000 nomeações
Embora o número de cargos de confiança no governo dos EUA passe de 9.000, Obama deverá trocar os ocupantes de apenas 7.000 dessas funções. Muitos funcionários nessas posições acabam ficando mesmo com a mudança de governo.
O cálculo é da cientista política Martha Kumar, co-fundadora do White House Transition Project (Projeto de Transição na Casa Branca), instituição de Washington especializada no tema. Como comparação, no Brasil existem cerca de 20 mil cargos de confiança no governo federal.
"A transição deste ano terá uma novidade. Uma lei de 2004 permitiu aos candidatos a presidente, depois de serem nomeados pelos seus partidos, que apresentem uma lista de nomes de potenciais colaboradores no futuro governo. O FBI [polícia federal] e o Serviço Secreto então tiveram bastante tempo para fazer todas as checagens necessárias, desde setembro", explica Martha Kumar. As pessoas não são identificadas até que as nomeações de fato ocorram.
Em transições anteriores, a checagem dos nomes começava muito depois. Por conta desse processo, era comum os presidentes nos EUA passarem os primeiros seis meses sem conseguir nomear diversos assessores para postos importantes -até porque alguns também precisam ser aprovados pelo Senado.
"Creio que dos 7.000 cargos, cerca de 1.200 sejam os mais importantes. E, desses, 500 são cruciais. No sistema atual, é bem possível que o presidente eleito consiga fazer as nomeações rapidamente", diz Kumar.


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