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SUCESSÃO NOS EUA / TROCA DE GUARDA
"Extremistas" gostariam de atacar na transição, diz Bush
Presidente lembra que é a primeira sucessão em tempos de guerra em 40 anos
Obama terá de trocar
até 7.000 funcionários em
cargos de confiança; nova
legislação deve acelerar o
processo de nomeações
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que
"extremistas não gostariam de
outra coisa que não fosse explorar este período de mudança
para atacar o povo americano".
O comentário fez parte de um
breve discurso interno para
funcionários federais reunidos
no jardim da Casa Branca.
Bush mencionou faltarem 75
dias até a troca de governo no
dia 20 de janeiro. Todos devem
se manter atentos às suas funções, afirmou. O presidente
agradeceu aos seus colaboradores, dando um caráter de despedida ao encontro.
"Assegurar que esta transição seja tão tranqüila quanto
possível é uma prioridade para
o restante do meu mandato.
Nós enfrentamos desafios econômicos que não vão parar para que o novo presidente se instale. Esta é também a primeira
transição presidencial em tempos de guerra nos EUA em 40
anos", declarou Bush, para depois emendar sobre o interesse
de extremistas em eventualmente atacar o país no período.
Ele prometeu continuar a
trabalhar em todos os projetos
em curso, na área administrativa e política, "até a reta final".
Antes de concluir, fez outra
menção ao perigo externo:
"Nós vamos continuar a proteger a pátria defendendo-a de
terroristas e extremistas no exterior, de maneira que não tenhamos de enfrentá-los aqui
em nosso solo". Nesse momento, foi aplaudido pelos pouco
mais de mil funcionários que o
assistiam.
No que diz respeito à crise
econômica, Bush citou a cúpula
do próximo dia 15, quando os
países do G20 (o Brasil inclusive) estarão em Washington para discutir formas de reestruturar o sistema financeiro internacional. Será sua última chance de ter alguma evidência no
cenário internacional. Disse
que o secretário do Tesouro
(ministro da Fazenda), Henry
Paulson, está trabalhando "horas a fio" para organizar o encontro.
7.000 nomeações
Embora o número de cargos
de confiança no governo dos
EUA passe de 9.000, Obama
deverá trocar os ocupantes de
apenas 7.000 dessas funções.
Muitos funcionários nessas posições acabam ficando mesmo
com a mudança de governo.
O cálculo é da cientista política Martha Kumar, co-fundadora do White House Transition
Project (Projeto de Transição
na Casa Branca), instituição de
Washington especializada no
tema. Como comparação, no
Brasil existem cerca de 20 mil
cargos de confiança no governo
federal.
"A transição deste ano terá
uma novidade. Uma lei de 2004
permitiu aos candidatos a presidente, depois de serem nomeados pelos seus partidos,
que apresentem uma lista de
nomes de potenciais colaboradores no futuro governo. O FBI
[polícia federal] e o Serviço Secreto então tiveram bastante
tempo para fazer todas as checagens necessárias, desde setembro", explica Martha Kumar. As pessoas não são identificadas até que as nomeações
de fato ocorram.
Em transições anteriores, a
checagem dos nomes começava muito depois. Por conta desse processo, era comum os presidentes nos EUA passarem os
primeiros seis meses sem conseguir nomear diversos assessores para postos importantes
-até porque alguns também
precisam ser aprovados pelo
Senado.
"Creio que dos 7.000 cargos,
cerca de 1.200 sejam os mais
importantes. E, desses, 500 são
cruciais. No sistema atual, é
bem possível que o presidente
eleito consiga fazer as nomeações rapidamente", diz Kumar.
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