Na segunda, 40 foram mortos em operação americana

DA REDAÇÃO

Sete civis morreram em mais um ataque aéreo das tropas militares estrangeiras lideradas pelos EUA, no noroeste do Afeganistão, disseram as autoridades afegãs ontem. Na véspera, o presidente Hamid Karzai confirmou a morte de 40 civis, incluindo mulheres e crianças, em um bombardeio dos EUA na região sul do país.
Karzai havia dito que as mortes de civis eram as maiores fontes de tensão com os EUA, seus principais aliados, e pedira ao presidente eleito Barack Obama ter como prioridade o fim das mortes de inocentes.
O Exército dos EUA contou que o ataque aéreo de ontem foi acionado depois de uma emboscada feita por rebeldes do Taleban às tropas da coalizão, no final da noite de anteontem, no distrito de Ghormach. Autoridades locais afirmaram que, além dos civis, 15 insurgentes morreram no ataque.

Investigação
Seguindo o mesmo procedimento adotado após o ataque anterior, os americanos disseram que vão analisar os relatos de mortes de não-combatentes. "Não sabemos os fatos agora, mas vamos investigar a situação para alcançarmos a verdade", disse o coronel Greg Julian, porta-voz do Exército.
"Se descobrirmos que pessoas inocentes foram mortas neste incidente, nós pediremos nossas sinceras desculpas às famílias e ao povo do Afeganistão", disse Julian. A frase é idêntica à dita no dia anterior pelos militares dos EUA.
Ontem, autoridades norte-americanas começaram a dar as primeiras explicações sobre o ataque de segunda-feira. Disseram que vários insurgentes morreram na operação e também acusaram o Taleban de usar civis com escudos humanos contra os ataques aéreos.
"Os civis tentaram abandonar a área, mas os insurgentes os forçaram a permanecer ali, enquanto continuavam disparando contra as tropas afegãs e da coalizão", disse o comando dos EUA, em comunicado. Não foi confirmado o número exato de rebeldes que teriam morrido. "Esperamos que [as mortes] não tenham vindo do nosso fogo, mas suspeitamos que pode bem ter sido", disse Julian, sobre os dois ataques.
Em agosto deste ano houve um ataque semelhante, inicialmente contestado pelos norte-americanos. Moradores e autoridades afegãs denunciaram que 90 civis tinham morrido -fato comprovado mais tarde pela ONU. Os militares americanos, que antes diziam haver apenas cinco civis mortos, admitiram, ao final de uma investigação interna, que 30 civis morreram.
Centenas de afegãos perderam suas vidas em ataques aéreos dos EUA neste ano, o que tem gerado revolta na população contra a presença de tropas estrangeiras e provocando atritos de Karzai com seus aliados do Ocidente.
No total, cerca de 4.000 pessoas, um terço dos quais eram civis, morreram em 2008 nos confrontos com o Taleban. O grupo aumentou a escala de suas ações para tentar forçar a saída das tropas estrangeiras. De acordo com a Associated Press, as tropas dos EUA e da Otan mataram 275 civis e outros 590 foram mortos em ataques de insurgentes.