São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governadores foram eleitos pela 1ª vez em 2005; antes, eram nomeados

DA ENVIADA A LA PAZ

Se levado adiante o referendo revogatório sobre os governadores dos nove departamentos bolivianos, será apenas a segunda vez que as populações dessas divisões administrativas da Bolívia decidirão a respeito de seus representantes.
Depois da crise de 2003, quando o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada caiu após uma revolta popular, os departamentos bolivianos intensificaram a campanha para poder eleger diretamente seus governadores -até então, nomeados pelo Executivo nacional.
Na eleição de novembro de 2005, quando Evo Morales venceu a disputa presidencial, foram eleitos pela primeira vez os governadores dos nove departamentos bolivianos.
Antes, o espaço de representação política nas regiões, principalmente no poderoso departamento de Santa Cruz, era ocupado pelos Comitês Cívicos, que reúnem a elite local, principalmente empresários, e existem desde meados da metade do século passado.
Há também um setor radical do movimento local, chamado Nação Camba, que faz campanha pela separação de Santa Cruz do resto da Bolívia. Rubén Costas, atual governador cruzenho, foi presidente do Comitê Cívico do departamento.

Separatismo
Santa Cruz se rebelou duas vezes contra o governo central no século 19, mas perdeu. Em 1959, durante o governo do MNR (Movimento Nacional Revolucionário), houve intervenção militar no departamento, acusado de separatismo.
Segundo Martín Sivak, no livro "Santa Cruz: Una Tesis" (Plural, 2007), o separatismo nunca foi a maior bandeira do departamento. E as demandas de autonomia ficaram em segundo plano nos governos do cruzenho Hugo Banzer (ditador de 1971 a 1978 e presidente eleito de 1997 a 2001) e de Sánchez de Lozada (1993-1997 e 2002-2003) porque o comitê conseguia negociar seus pedidos com o governo central.
À diferença do Brasil, a Bolívia não é uma federação, com autonomia relativa dos Estados, que podem ter impostos e legislação próprios, desde que não entrem em conflito com a Constituição.
Também na eleição de 2005, a população boliviana votou em um referendo sobre a autonomia dos departamentos. O "sim" à relativa independência administrativa em relação a La Paz venceu em Santa Cruz, Pando, Tarija e Beni -chamados de "terras baixas". Nacionalmente, porém, o "não" às autonomias venceu.


Texto Anterior: Oposição boliviana aceita referendo
Próximo Texto: Avião da Venezuela é apedrejado em Beni, departamento governado pela oposição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.