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Chávez diz que só governará até o fim do mandato atual
Anúncio foi recebido ontem com ceticismo pela oposição; general Baduel, ex-aliado do presidente, pede Constituinte
Na véspera, presidente anunciara sua "segunda ofensiva" por reforma da Carta; ex-embaixador no Brasil cai após críticas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Um dia depois de anunciar a
"segunda ofensiva" para aprovar sua reforma constitucional,
o presidente Hugo Chávez disse ontem que só governará até o
fim de seu mandato atual, em
janeiro de 2013. As declarações,
porém, foram recebidas com
ceticismo pela oposição e nem
sequer receberam destaque na
imprensa oficial.
"Uma coisa são os gritos, outra coisa é a realidade", disse
Chávez, em breve discurso durante evento oficial. "Não se
aprovou a reforma, portanto,
tenho de sair do governo em
2013. Trabalharei sem descanso até o último dia que ficar
aqui", prometeu.
Na véspera, Chávez havia dito que a proposta de reforma
constitucional, que prevê a reeleição indefinida para presidente, seria reapresentada por
meio de coleta de assinaturas. E
na madrugada de segunda-feira, ao reconhecer a derrota no
referendo de domingo, disse
que era "por agora".
Os meios oficiais reproduziram outras partes da fala. A
Agência Bolivariana de Notícias (ABN) ressaltou trecho em
que Chávez diz que "quem votou pelo "não" favoreceu [George W.] Bush e quem não votou
acabou fazendo o mesmo".
No Un Novo Tempo (UNT),
um dos principais partidos da
oposição, a promessa tampouco foi levada a sério. "De um regime que se move por capricho,
qualquer coisa se pode esperar", disse à Folha o vice-presidente William Ojeda, ex-deputado constituinte chavista.
"Um dia diz uma coisa, outro
dia diz outra, conforme os seus
hormônios."
Ojeda também criticou a
proposta de relançar a reforma
constitucional: "A proposta soviética do governo militar-cívico venezuelano foi derrotada.
O resto é reação de dor".
A derrota de domingo provocou a primeira baixa no governo: o ex-embaixador da Venezuela no Brasil Vladimir Villegas se demitiu do cargo de vice-ministro da Chancelaria para a
Ásia após ter dado uma entrevista com duras críticas à campanha eleitoral chavista.
Em declarações ao "El Nacional", afirmou que "Chávez
tem de escutar a nossa reflexão. O presidente precisa estar
acompanhado de gente que diga as coisas".
O ex-ministro da Defesa
Raúl Baduel convocou ontem
uma entrevista coletiva para
propor a convocação de uma
Assembléia Constituinte para
evitar que Chávez relance sua
reforma constitucional rejeitada no domingo. "Pretende-se
criar fissuras no muro intransponível que colocamos no domingo", afirmou, ele, que em
julho deixou o governo e participou ativamente da campanha
contra as mudanças propostas
pelo ex-aliado, às quais chamou de "golpe de Estado".
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