São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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"Serei famoso agora", disse jovem que matou 8 nos EUA

Rapaz, que se suicidou após matança em shopping, escreveu que deixaria de ser um "peso"

Robert Hawkins, 19, que morava na casa de um amigo, havia terminado um namoro e sido demitido nas últimas duas semanas

Reprodução/Associated Presse
Robert Hawkins, cujos pais se divorciaram quando tinha 3 anos


DA REDAÇÃO

O jovem de 19 anos que matou oito pessoas em um shopping em Omaha (Nebraska, centro dos EUA) havia perdido o emprego e terminado um namoro nos últimos 15 dias.
"Sou um pedaço de merda", escreveu em um bilhete Robert Hawkins, que se suicidou após matar cinco mulheres e três homens -além de ferir outras cinco pessoas-, "mas serei famoso agora". A polícia local acredita que a matança era parte de um suicídio premeditado.
O jovem estava morando, desde 2006, com a família de um amigo de 17 anos. Debora Maruca-Kovac, a mãe do amigo, disse à agência Associated Press que Hawkins mostrou à sua família seu rifle russo semi-automático na noite anterior ao crime -ela pensou que a arma era muito velha para funcionar. Segundo a polícia, imagens de câmeras do shopping mostram que Hawkins escondeu o rifle sob uma blusa carregada em seus braços.
Maruca-Kovac disse ainda que havia deixado Hawkins morar consigo depois de ele ter abandonado sua casa. Registros judiciais dão conta de que a guarda do jovem foi, por pelo menos uma vez, tirada dos seus pais -que se divorciaram quando ele tinha 3 anos- e passada ao Estado.
"Ele era deprimido", diz Maruca-Kovac. "Mas parecia que ele estava melhorando."
Hawkins abandonou a escola em 2006, quando cursava o último ano do equivalente ao ensino médio brasileiro ("high school"). Após se mudar para a casa do amigo, passou a trabalhar em um McDonald's. Nesta semana, porém, foi demitido por supostamente ter furtado US$ 17 (cerca de R$ 30). Na semana anterior, segundo Maruca-Kovac, ele havia terminado um namoro.
Hawkins não tomava medicamentos para distúrbios psiquiátricos, mas já se tratara por depressão, hiperatividade e déficit de atenção. O jovem costumava exagerar na bebida e às vezes fumava maconha em seu quarto, disse Maruca-Kovac. Apesar disso, era gentil e prestativo. Gostava de ouvir música e jogar videogame -"coisas normais de adolescente".
Maruca-Kovac, enfermeira, contou que estava se preparando para trabalhar quando Hawkins telefonou, dizendo que lhe havia deixado um bilhete. Ela pediu que ele se explicasse, mas o jovem desligou. Maruca-Kovac encontrou o papel no chão de seu quarto e ligou para a mãe de Hawkins, que diz conhecer apenas por "Molly". A mulher foi à sua casa, pegou o bilhete e o levou à polícia.
No bilhete, diz Maruca-Kovac, Hawkins escreveu que amava seus pais e que deixaria de ser um "peso".
O incidente de Nebraska é o mais recente de uma série de massacres cometidos por pessoas armadas nos EUA, que travam um debate há décadas sobre o controle das armas de fogo. A posse de armas é garantida pela Constituição, escrita no século 18, quando milícias civis ajudavam a cuidar da segurança dos cidadãos.


Com agências internacionais


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