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Notas de militares iranianos mudaram informe
DAVID E. SANGER
STEVEN LEE MYERS
DO "NEW YORK TIMES", EM
WASHINGTON
Autoridades de alto escalão
da inteligência e do governo
dos EUA revelaram na quarta-feira que as agências de inteligência americanas mudaram
sua visão sobre o status do programa iraniano de armas nucleares depois de, no último verão americano, terem obtido
anotações sobre as deliberações feitas por militares iranianos envolvidos no programa de
desenvolvimento de armas.
As anotações incluíam conversas e deliberações em que
algumas das autoridades militares se queixavam amargamente do que descreveram como sendo uma decisão tomada
por seus superiores, no final de
2003, de encerrar um complexo esforço de engenharia para
projetar armas nucleares, incluindo uma ogiva que se encaixaria em mísseis iranianos.
As anotações recém-obtidas
contradisseram declarações
públicas de autoridades de inteligência dos EUA, segundo os
quais o esforço de projeção de
armas nucleares continuava
ativo. Mas, de acordo com as
fontes de inteligência e do governo, elas não explicam a razão que levou a liderança iraniana a suspender o esforço.
As anotações e deliberações
acabaram sendo corroboradas
por outras informações, incluindo conversas interceptadas nos últimos meses. Não ficou claro se essas conversas envolveram os mesmos oficiais e
outros cujas deliberações são
relatadas nas anotações, ou se
incluíram seus superiores.
As autoridades americanas
que descreveram a operação altamente sigilosa, que levou a
uma das maiores inversões de
posição na história da inteligência nuclear americana, se
negaram a dizer como foram
obtidas as anotações. Mas disseram que a Agência Central de
Inteligência (CIA) e outras
agências organizaram uma
"equipe vermelha" para determinar se as novas informações
poderiam ter integrado uma
campanha de desinformação
montada pelo Irã para reverter
as sanções ao país.
No final, as autoridades de
inteligência americanas rejeitaram essa teoria, mas foram
desafiadas a defender sua conclusão numa reunião realizada
há duas semanas na sala de
conferências sobre inteligência
da Casa Branca, onde as anotações e deliberações foram descritas aos membros mais seniores da equipe de segurança nacional de Bush, incluindo o vice-presidente Dick Cheney.
As autoridades disseram
acreditar que as anotações confirmam a existência, até 2003,
de um programa de armas do
qual as autoridades americanas
primeiro tomaram conhecimento através de um laptop
pertencente a um engenheiro
iraquiano que chegou às mãos
da CIA em 2004.
Mas, na verdade, alguns elementos nas agências de inteligência parecem não estar inteiramente convencidos de que as
anotações indiquem que foram
encerrados todos os aspectos
do programa de armas.
Tradução de CLARA ALLAIN
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