São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Notas de militares iranianos mudaram informe

DAVID E. SANGER
STEVEN LEE MYERS
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

Autoridades de alto escalão da inteligência e do governo dos EUA revelaram na quarta-feira que as agências de inteligência americanas mudaram sua visão sobre o status do programa iraniano de armas nucleares depois de, no último verão americano, terem obtido anotações sobre as deliberações feitas por militares iranianos envolvidos no programa de desenvolvimento de armas.
As anotações incluíam conversas e deliberações em que algumas das autoridades militares se queixavam amargamente do que descreveram como sendo uma decisão tomada por seus superiores, no final de 2003, de encerrar um complexo esforço de engenharia para projetar armas nucleares, incluindo uma ogiva que se encaixaria em mísseis iranianos. As anotações recém-obtidas contradisseram declarações públicas de autoridades de inteligência dos EUA, segundo os quais o esforço de projeção de armas nucleares continuava ativo. Mas, de acordo com as fontes de inteligência e do governo, elas não explicam a razão que levou a liderança iraniana a suspender o esforço.
As anotações e deliberações acabaram sendo corroboradas por outras informações, incluindo conversas interceptadas nos últimos meses. Não ficou claro se essas conversas envolveram os mesmos oficiais e outros cujas deliberações são relatadas nas anotações, ou se incluíram seus superiores.
As autoridades americanas que descreveram a operação altamente sigilosa, que levou a uma das maiores inversões de posição na história da inteligência nuclear americana, se negaram a dizer como foram obtidas as anotações. Mas disseram que a Agência Central de Inteligência (CIA) e outras agências organizaram uma "equipe vermelha" para determinar se as novas informações poderiam ter integrado uma campanha de desinformação montada pelo Irã para reverter as sanções ao país.
No final, as autoridades de inteligência americanas rejeitaram essa teoria, mas foram desafiadas a defender sua conclusão numa reunião realizada há duas semanas na sala de conferências sobre inteligência da Casa Branca, onde as anotações e deliberações foram descritas aos membros mais seniores da equipe de segurança nacional de Bush, incluindo o vice-presidente Dick Cheney.
As autoridades disseram acreditar que as anotações confirmam a existência, até 2003, de um programa de armas do qual as autoridades americanas primeiro tomaram conhecimento através de um laptop pertencente a um engenheiro iraquiano que chegou às mãos da CIA em 2004.
Mas, na verdade, alguns elementos nas agências de inteligência parecem não estar inteiramente convencidos de que as anotações indiquem que foram encerrados todos os aspectos do programa de armas.


Tradução de CLARA ALLAIN


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