São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Bomba explode em firma de advogados e mata um em Paris

Polícia descarta ato terrorista, apesar de vizinhança com entidade judaica e escritório que teve como sócio Sarkozy

Pacote de madeira com dois explosivos foi entregue por um mensageiro; secretária de 60 anos morreu e um advogado teve ferimentos

DA REDAÇÃO

Uma caixa de madeira entregue por um mensageiro explodiu ontem num escritório de advocacia em Paris, matando uma secretária e ferindo gravemente um advogado. A ministra do Interior, Michele Alliot-Marie, afirmou tratar-se de um crime, mas sem as características de um atentado terrorista.
A hipótese de terrorismo foi imediatamente levantada porque no mesmo andar em que está instalado o escritório funciona a Fundação para a Memória da Shoah, criada para recuperar bens de judeus franceses confiscados pelo nazismo.
Mas o fundador e presidente da entidade, Serge Klarsfeld, disse que ele e seus 12 colaboradores não foram aparentemente o alvo dos explosivos, mesmo porque em sete anos de atividades não registraram nenhuma forma de ameaça.
Três andares abaixo funciona um outro escritório de advocacia, criado em 1987 e que teve como sócio o atual presidente da República, Nicolas Sarkozy. A polícia descartou qualquer relação da bomba com a Arnaud Claude e Associados, sucessora do escritório.
Christian Charrière-Bournazel, presidente da entidade dos advogados parisienses, esteve no local e afirmou estar seguro de que o ato "não tem ligações" com o escritório em que atuou o atual presidente.
A ministra do Interior argumentou, por sua vez, que cada conjunto comercial traz placas bastante visíveis, com a sinalização de seus ocupantes, o que contradiz a hipótese de o pacote com explosivos ter sido entregue por engano a alguém que não era seu destinatário.
O edifício, localizado no número 72 do boulevard Malheserbes, no aristocrático 8º Distrito de Paris, foi cercado por forte dispositivo policial. Participam do inquérito a polícia e a Procuradoria de Justiça.
A secretária morta pela bomba tinha 60 anos e sua identidade não foi revelada. O advogado, que estava próximo da escrivaninha dela quando a caixa com as duas bombas que explodiram simultaneamente foi aberta, chama-se Olivier Brane, 58. Ele não corre risco de morte. Segundo a Reuters, o pacote estava endereçado a ele.
Testemunha diz que ele estava bastante ensangüentado ao ser retirado por uma ambulância por volta das 13h locais (10h, em Brasília), dez minutos depois da explosão.
O prefeito de Paris, o socialista Bertrand Delanoë, chegou em seguida para acompanhar as operações de resgate -cinco outras pessoas sofreram ferimentos mais leves- e declarou se tratar de um "horrível ato criminoso". A ministra do Interior, que estava em Bruxelas, chegou duas horas depois.

"Ato atroz", diz Elysée
No final da tarde, o porta-voz de Sarkozy, David Martinon, qualificou o episódio de "um ato verdadeiramente atroz".
O escritório de advocacia visado, o Gouet-Jenselme e Associados, não trata de questões controvertidas. É especializado em divórcios, apólices de seguro e transações imobiliárias. O único dano material deixado pela explosão foram os vidros estilhaçados de uma janela.
Um especialista em antiterrorismo disse à Associated Press que a hipótese de um atentado islâmico ou de separatistas da Córsega foi descartado, porque esses grupos utilizam bombas maiores.


Com agências internacionais


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