São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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"Independência de Kosovo é inevitável"

Segundo Albert Rohan, vice-enviado especial da ONU à Província, adiar a separação é arriscar instabilidade nos Bálcãs

Último prazo de negociação se esgota na segunda-feira; albaneses afirmam que vão romper com Belgrado pouco depois, elevando tensão

DA REDAÇÃO

Alimentando expectativas de uma declaração unilateral de separação nas próximas semanas, o vice-enviado especial da ONU a Kosovo, Albert Rohan, afirmou ontem que a separação da Província sérvia é inevitável. "Ninguém pode impedir a independência de Kosovo", afirmou Rohan em uma entrevista.
As chances de um rompimento iminente entre Pristina e Belgrado aumentam com o término, no próximo dia 10, do último prazo para negociações entre as partes e a tróica formada por Estados Unidos, União Européia e Rússia. Nesta data, o grupo entregará à ONU um relatório com os resultados do diálogo infrutífero dos últimos meses. Líderes kosovares vêm afirmando que declararão a independência pouco depois.
"Não vamos nos separar no dia seguinte ao 10 de dezembro, mas faremos isso logo depois, em coordenação com nossos apoiadores", disse à agência Reuters Hajredin Kuci, aliado do virtual novo premiê de Kosovo, Hashim Thaci. Os EUA e a maioria dos países da UE afirmam que reconhecerão a independência, mas a Sérvia e a Rússia rejeitam a separação.
Segundo Rohan, o plano do enviado da ONU à região, Martti Ahtisaari -que recomendou uma independência com supervisão da UE-, foi a melhor solução sugerida até agora. Ele alertou que outro adiamento poderá "desestabilizar perigosamente" os Bálcãs. "E quem causar isso deverá assumir a responsabilidade. Todas as vozes na UE que falam a favor de opções pouco realistas ou de adiamentos fortalecem a resistência da Sérvia e da Rússia."
O plano fracassou em meados do ano, quando a Rússia ameaçou vetá-lo no Conselho de Segurança da ONU.
O enviado europeu na tróica, Wolfgang Ischinger, ofereceu ontem posição semelhante à de Rohan. Ele disse que postergar a independência aumentaria a instabilidade regional e que não vê "nenhuma vantagem em evitar uma decisão". Segundo Ischinger, o informe que a tróica levará à ONU não conterá soluções concretas, mas relatará as posições das partes e proporá uma parceria entre a Sérvia e Kosovo. "Hoje as posições são ainda mais irredutíveis do que em agosto, quando as negociações começaram", disse.
O enviado destaca, porém, um avanço positivo do diálogo: albaneses e sérvios se comprometeram a não usar a violência na disputa. A Otan, que mantém 16 mil soldados em Kosovo, já disse que não tolerará confrontos -hoje, os 26 países-membros se reúnem para, entre outros assuntos, estudar as conseqüências da separação.
A Província continua a ser hoje uma parte da Sérvia, mas está sob administração da ONU desde 1999, quando um bombardeio da Otan pôs fim ao ataque do então presidente Slobodan Milosevic à maioria albanesa da região. A população de Kosovo é formada por 92% de albaneses, que exigem a independência -o que Belgrado rejeita. Teme-se um êxodo da minoria sérvia, concentrada no norte, após a independência.


Com agências internacionais


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