|
Texto Anterior | Índice
"Independência de Kosovo é inevitável"
Segundo Albert Rohan, vice-enviado especial da ONU à Província, adiar a separação é arriscar instabilidade nos Bálcãs
Último prazo de negociação se esgota na segunda-feira; albaneses afirmam que vão romper com Belgrado pouco depois, elevando tensão
DA REDAÇÃO
Alimentando expectativas de
uma declaração unilateral de
separação nas próximas semanas, o vice-enviado especial da
ONU a Kosovo, Albert Rohan,
afirmou ontem que a separação
da Província sérvia é inevitável.
"Ninguém pode impedir a independência de Kosovo", afirmou Rohan em uma entrevista.
As chances de um rompimento iminente entre Pristina
e Belgrado aumentam com o
término, no próximo dia 10, do
último prazo para negociações
entre as partes e a tróica formada por Estados Unidos, União
Européia e Rússia. Nesta data,
o grupo entregará à ONU um
relatório com os resultados do
diálogo infrutífero dos últimos
meses. Líderes kosovares vêm
afirmando que declararão a independência pouco depois.
"Não vamos nos separar no
dia seguinte ao 10 de dezembro,
mas faremos isso logo depois,
em coordenação com nossos
apoiadores", disse à agência
Reuters Hajredin Kuci, aliado
do virtual novo premiê de Kosovo, Hashim Thaci. Os EUA e a
maioria dos países da UE afirmam que reconhecerão a independência, mas a Sérvia e a
Rússia rejeitam a separação.
Segundo Rohan, o plano do
enviado da ONU à região, Martti Ahtisaari -que recomendou
uma independência com supervisão da UE-, foi a melhor
solução sugerida até agora. Ele
alertou que outro adiamento
poderá "desestabilizar perigosamente" os Bálcãs. "E quem
causar isso deverá assumir a
responsabilidade. Todas as vozes na UE que falam a favor de
opções pouco realistas ou de
adiamentos fortalecem a resistência da Sérvia e da Rússia."
O plano fracassou em meados do ano, quando a Rússia
ameaçou vetá-lo no Conselho
de Segurança da ONU.
O enviado europeu na tróica,
Wolfgang Ischinger, ofereceu
ontem posição semelhante à de
Rohan. Ele disse que postergar
a independência aumentaria a
instabilidade regional e que
não vê "nenhuma vantagem em
evitar uma decisão". Segundo
Ischinger, o informe que a tróica levará à ONU não conterá
soluções concretas, mas relatará as posições das partes e proporá uma parceria entre a Sérvia e Kosovo. "Hoje as posições
são ainda mais irredutíveis do
que em agosto, quando as negociações começaram", disse.
O enviado destaca, porém,
um avanço positivo do diálogo:
albaneses e sérvios se comprometeram a não usar a violência
na disputa. A Otan, que mantém 16 mil soldados em Kosovo, já disse que não tolerará
confrontos -hoje, os 26 países-membros se reúnem para, entre outros assuntos, estudar as
conseqüências da separação.
A Província continua a ser
hoje uma parte da Sérvia, mas
está sob administração da ONU
desde 1999, quando um bombardeio da Otan pôs fim ao ataque do então presidente Slobodan Milosevic à maioria albanesa da região. A população de
Kosovo é formada por 92% de
albaneses, que exigem a independência -o que Belgrado rejeita. Teme-se um êxodo da minoria sérvia, concentrada no
norte, após a independência.
Com agências internacionais
Texto Anterior: China: Explosão em mina de carvão estatal mata 70 Índice
|