São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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Chávez convoca campanha por reeleição

Tramitação do projeto de referendo sobre recondução presidencial ilimitada deve começar amanhã no Legislativo

Oposição venezuelana critica iniciativa, argumenta ser inútil tentar combatê-la na Justiça e lança "Comando Nacional pelo Não"


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Menos de duas semanas depois de ir às urnas para escolher governadores e prefeitos, a Venezuela iniciou ontem numa nova campanha eleitoral, agora em torno do segundo referendo sobre a reeleição indefinida, provavelmente em fevereiro.
No centro de Caracas, dezenas de milhares de militantes de vermelho se reuniram sob o pretexto de comemorar o décimo aniversário da primeira eleição de Chávez, em 1998. Nas faixas, nos jingles, nas camisetas e nos canais de TV estatais, se multiplicava o lema "Uh! Ah! Chávez no se va".
"Os trabalhadores, as mulheres, os camponeses, vamos nos unir todos desde agora. Vamos comemorar o Natal em campanha, na batalha", disse Chávez, em discurso transmitido durante a quarta cadeia nacional obrigatória de rádio e TV apenas desta semana.
Horas antes, os principais partidos da oposição lançaram o "Comando Nacional pelo Não", para coordenar a nova campanha eleitoral.
"Repudiamos essa proposta reelecionista por antidemocrática, inconstitucional, contrária ao interesse nacional e por buscar a instauração de um regime autoritário militarista, excludente e perseguidor de qualquer um que pense diferente ao governo", disse Omar Barboza, presidente do UNT (Um Novo Tempo, centro), o principal partido da oposição.
Apesar de considerar a iniciativa ilegal, a avaliação dos partidos anti-Chávez é de que é inútil contestar o referendo na Judiciário ou no Centro Nacional Eleitoral (CNE) por estarem sob controle governista.
Anteontem à noite, Chávez anunciou que a convocação do referendo será feita pela Assembléia Nacional, controlada pelos governistas, por ser a via mais rápida. A expectativa é que a tramitação comece já amanhã. A outra alternativa era recolher cerca de 2,5 milhões de assinaturas.
O início da campanha coincide com o aumento da tensão entre Chávez e a oposição, vitoriosa em importantes centros urbanos do país, que agora vêem o presidente federalizando parte de seu aparato público.


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