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VENEZUELA
Presidente diz que cobrará "cada centavo" e adverte que pena por sonegação é de sete anos de prisão
Oposição a Chávez deflagra "greve tributária"
DA REDAÇÃO
Milhares de opositores venezuelanos participaram ontem de
uma passeata até uma sede do Seniat (órgão arrecadador de impostos) para marcar o início da
"desobediência tributária". O
protesto foi anunciada há alguns
dias pelos líderes da greve geral
iniciada no dia 2 de dezembro para pressionar o presidente Hugo
Chávez a aceitar um referendo sobre seu mandato.
Em uma mensagem em cadeia
de rádio e TV, Chávez disse que
seu governo tomará todas as medidas possíveis para que os contribuintes paguem "até o último
centavo" dos impostos devidos.
O presidente disse que os opositores tentaram deter sua "revolução bolivariana" com um golpe de
Estado em abril do ano passado
(quando foi afastado por dois
dias) e agora "pretendem um novo golpe de Estado petroleiro".
A indústria petroleira, responsável por 80% das exportações do
país, está sendo duramente afetada pela greve. Segundo cálculos
do governo, a perda diária com a
interrupção das exportações é de
US$ 50 milhões.
"Um grupo de apátridas, traidores da pátria, convocou a desobediência tributária. É um delito",
disse Chávez. "Isso não vamos tolerar. Digo à República e ao mundo: tomaremos todas as ações que
sejam necessárias para que paguem até o último centavo, porque isso é do povo", afirmou.
O governo advertiu ainda que a
sonegação fiscal é punível com
pena de até sete anos de prisão.
O itinerário da passeata de ontem foi mudado na última hora
para evitar enfrentamentos com
chavistas, que se concentraram
em frente à sede principal da Seniat, em Caracas. O local também
era fortemente protegido pelas
forças de segurança. A marcha
acabou se dirigindo a outra sede
da Seniat, no distrito de Chuao.
O ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, dirigente da Coordenação Democrática (reunião de
partidos, organizações e entidades de oposição), advertiu sobre
possíveis "provocações planejadas por grupos armados".
Líderes da oposição disseram
ontem que a realização de um referendo sobre Chávez no dia 2 de
fevereiro acontecerá mesmo se o
governo o ignorar, como já disse
que fará. "O referendo acontecerá
com ou sem a participação desse
regime", disse Carlos Ortega, presidente da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela, principal associação sindical do país.
A realização do referendo havia
sido aprovada pelo conselho eleitoral no mês passado, mas foi suspensa pela Justiça no mesmo dia.
A Suprema Corte ainda deve dar a
palavra final sobre sua legalidade.
Chávez, cujo mandato vai até
2007, alega que a Constituição só
permite a realização de um referendo a partir de agosto, quando
seu governo chega à metade. Ele
também rechaça as pressões da
oposição para que renuncie ou
convoque eleições antecipadas.
O governo planeja dividir a estatal do petróleo, PDVSA, em duas,
para tentar furar a greve que paralisa a empresa desde dezembro. O
presidente da empresa, Ali Rodríguez, disse que o governo planeja
demitir cerca de 6.000 funcionários em Caracas e na cidade de
Maracaibo, no oeste do país, dois
centros de resistência a Chávez.
Com agências internacionais
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