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Washington considera Kirchner mais radical do que Lula, afirma analista
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Para Washington, as políticas
do governo do presidente argentino, Néstor Kirchner, têm um teor
muito mais radical e são mais
preocupantes do que as do colega
brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cujo discurso de esquerda não
é colocado em prática.
A análise é de Eduardo Gamarra, diretor do Centro de América
Latina e Caribe da Universidade
Internacional da Flórida.
"Os EUA não estão realmente
felizes com Kirchner. Por algumas razões: suas reiteradas declarações contra os EUA -ou pelo
menos entendidas assim-, seus
encontros com [o líder socialista
boliviano] Evo Morales e sua intenção de assumir algum tipo de
liderança que pode ser entendida
como pró-Castro", disse o cientista político boliviano.
Para Gamarra, o governo americano tem uma percepção distinta de Lula: "Apesar de toda a retórica, Lula tem se mantido na linha. Ele disse muitas coisas, mas
realmente não fez nada".
"As declarações de Kirchner,
por outro lado, estão em todos os
lugares. De certa forma, ele faz isso para assegurar apoio político
interno. Com uma base econômica bastante precária, não sei até
onde ele pode ir. No final, Lula será sua cobertura", prevê Gamarra.
Sobre as relações entre Brasil e
EUA, disse: "Há uma interessante
e cautelosa dose de respeito, o que
acho extremamente positiva".
O cientista político, no entanto,
não crê que os EUA tenham iniciado uma grande ofensiva contra
governos de esquerda latino-americanos e disse que as críticas
contra Cuba e Venezuela têm se
repetido ao longo do tempo.
Ano eleitoral
Para o cientista político americano Anthony Pereira, da Universidade Tulane (EUA), especialista
em América Latina com ênfase no
Brasil, essas declarações já fazem
parte da estratégia de reeleição do
presidente George W. Bush.
"Bush está totalmente envolvido na campanha, levantando
quantias inéditas de dinheiro e se
relacionando a atos voltados à
conquista de votos nesta eleição.
Esse tipo de posicionamento está
de acordo com o influente voto
cubano-americano na Flórida."
Gamarra discorda. "É bastante
óbvio que o voto dos cubano-americanos é de Bush. Não há risco de ele perder esses votos."
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